Em uma conversa informal com jornalistas, a presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministra Cármen Lúcia, disse nesta sexta-feira (19) que o Brasil vai sobreviver ao conteúdo das delações da JBS, rebateu os rumores de que poderia eventualmente assumir a Presidência da República e afirmou que pretende continuar na magistratura “até o último dia”.
— Estou no lugar que eu tenho a obrigação constitucional de estar e estarei com muito gosto.
Cármen fez uma visita-surpresa de 13 minutos aos repórteres que cobrem o STF para verificar as instalações do comitê de imprensa, que devem ser reformadas.
— Fui muito honrada de ter tido oportunidade de ser juíza, me sinto muito bem na magistratura e, se Deus quiser, até o último dia que eu estiver aqui, que eu tiver saúde, condições de estar aqui, eu vou estar cumprindo a minha função com o mesmo gosto que eu cumpro hoje. Ser juiz não é fácil, não é alegre, mas é a função que a gente exerce.
Questionada se acompanha a crise política que se instalou no País nos últimos dias, a presidente do STF disse que está “o tempo todo” preocupada com os rumos do Brasil.
— Preocupada com o Brasil nós estamos o tempo todo. O papel do poder Judiciário, no que a democracia ajudar, nós estamos fazendo. As instituições estão funcionando, o Brasil está dando uma demonstração de maturidade democrática. Os percalços fazem parte das intempéries.
Na avaliação da presidente do STF, “o mundo inteiro está preocupante”.
— Momento de grandes transformações, não tem modelo prévio. O mundo está girando e eu estou igual a roda viva.
Indagada pelo Broadcast Político se o Brasil vai sobreviver às delações, respondeu: “O País sempre vai sobreviver, porque o País é o povo. E o povo, o ser humano, tem o instinto de vida muito mais forte que o de instinto de morte. As gerações, eu acredito muito que vão vir coisas e pessoas boas, depois que a gente já tiver ido embora.”
Construção
Ao falar com uma repórter com cinco meses de gestação, Cármen brincou: “Ó, fala pra ele (o bebê) assim: nós estamos construindo outro Brasil, não se preocupa com isso, não. Na sua hora, nós vamos ter arrumado tudo”.
Para a ministra, o Brasil “está aí para ser reconstruído a cada minuto”. “Nós não temos escolha”, disse.
Antes de se despedir dos repórteres, Cármen também informou que deve na próxima semana elaborar a pauta de julgamentos de junho e adiantou que vai priorizar processos de repercussão geral – casos em que a Corte analisa o mérito da questão e a decisão tem de ser aplicada depois pelas instâncias inferiores em ações similares.
— Estamos julgando normalmente. Está tudo andando porque tem de andar mesmo.
Fonte: R7