O Nissan Kicks conquistou 4 estrelas de 5 possíveis no teste de colisão do Latin NCapdivulgado nesta terça-feira (12). O SUV fabricado no Brasil obteve este resultado tanto na proteção para adultos quanto na de crianças.
Outro modelo da Nissan, o Murano, SUV maior que o Kicks e que não é vendido no país, conseguiu as 5 estrelas para a proteção de adultos. E o Chevrolet Aveo, modelo que também não é oferecido no mercado brasileiro, levou zero.
Apenas 3 de 9 carros vendidos no Brasil e testados neste ano pelo Latin NCap receberam 5 estrelas: Toyota Corolla, Volkswagen Golf e Volkswagen Polo, todos com preços a partir de R$ 50 mil.
Impacto lateral
Segundo a entidade, que realiza testes de segurança independentes, o Kicks tem proteção contra impactos laterais “de adequada para boa, sendo aceitável em termos globais”.
Este tipo de teste, que não é exigido pelo governo brasileiro para homologar veículos para venda, fez com que o Chevrolet Onix e o Ford Ka levassem zero, recentemente.
Controle de estabilidade
A organização também destacou que o Kicks oferece controle de estabilidade (ESC) “que cumpre com os requisitos do Latin NCAP quanto a rendimento e disponibilidade”. O recurso, porém, é opcional na versão mais barata do SUV. Ele será obrigatório nos carros novos no Brasil a partir de 2022 — a partir de 2020, modelos inéditos já terão de sair com ele de fábrica.
Ao G1, o Latin NCap respondeu que é o mesmo caso do Polo – no hatch, o controle de estabilidade é de série apenas nas versões mais caras, com motor turbo. Segundo as regras da entidade, é necessário que a versão mais vendida do modelo tenha ESC de série ou que exista uma quantidade de unidades igual a da versão mais vendida que tenha o recurso como padrão.
Pontos fracos
No entanto, o modelo não levou as 5 estrelas possíveis porque demonstrou fraca proteção para o peito dos ocupantes, apresentando “um desempenho apenas instável na estrutura e na área dos pés no teste de batida frontal”, de acordo com o Latin NCap.
Para a proteção de crianças, o que impediu a conquista foi a falta de botão de desativação do airbag do passageiro da frente, para caso seja necessário colocar uma cadeirinha naquele assento, e a sinalização de Isofix (para fixação da cadeirinha), que não cumpria com os requisitos do Latin NCAP.
Murano 5 estrelas
Fabricado nos EUA, o Murano foi equipado com 7 airbags, assim como o Kicks será vendido naquele mercado -no Brasil, as versões de entrada têm apenas os 2 obrigatórios.
O modelo tinha sido avaliado no ano passado, alcançando apenas duas estrelas para os ocupantes adultos e 4 para crianças. Agora, apesar da nota máxima para proteção de adultos, o SUV ficou com apenas 3 estrelas para a de crianças.
“A diferença nos resultados, de 3 para 3 estrelas, é explicada pela variação mínima sobre o limite de valores no teste dinâmico desses ocupantes, provavelmente devido à alteração no rendimento estrutural no teste de batida frontal”, disse o Latin NCap.
Chevrolet Aveo zera
O Chevrolet Aveo, produzido no México e um dos carros mais vendidos naquele país, apresentou estrutura instável no teste de impacto frontal. A proteção foi considerada fraca para o peito, as pernas e os pés do motorista. Mas o sedã teve bom desempenho no teste de impacto lateral.
Outro problema apontado pelo Latin NCap é que o controle de estabilidade não é de série.
O modelo tinha sido avaliado sem airbags em 2015 -e também levou zero estrela na época. Agora conta com 2 bolsas de série, mas “apresentou uma proteção pobre no peito do motorista, mesmo contando com airbags”, disse a entidade.
“O desempenho estrutural foi qualificado como instável, da mesma forma que a área dos pés da estrutura, fato que explica, também, o movimento da coluna de direção e dos pedais, aumentando o risco de lesões no motorista”, apontou o relatório.
A proteção contra impactos laterais, no entanto, foi considerada adequada para adultos.
“O Latin NCAP demonstrou, mais uma vez, que o fato de incorporar airbags não garante que um veículo seja seguro quando a estrutura é instável. Solicitamos à GM (dona da Chevrolet) que proporcione à América Latina e ao Caribe os mesmos níveis de segurança oferecidos, de forma padrão, em outros mercados”, afirmou Alejandro Furas, secretário geral da entidade.
Como é o teste do Latin NCap?
O Latin NCap adotou regras mais rígidas para as avaliações em 2016. Além dos testes de impacto frontal, que é obrigatório para homologar veículos para venda no Brasil, são feitos os de impacto lateral e de lateral de poste.
Nas colisões laterais, o carro recebe um impacto de lado por meio de uma barreira deformável montada em um carro padronizado de 850 kg, que se desloca a 50 km/h.
Esse tipo de teste era opcional até 2015: só era feito se a montadora quisesse. Agora, ele inclui também bonecos “crianças” e seus devidos suportes. Por isso, alguns modelos foram reavalidos e tiveram nota rebaixada, casos de Onix, Fiat Palio e Peugeot 208, por exemplo.
No novo protocolo, o controle eletrônico de estabilidade e o teste de poste viraram requisitos para um veículo ter 5 estrelas.
Mesmo no teste de impacto frontal, o Latin NCap é mais rígido do que a lei dos principais mercados. Ele é feito com o veículo a 64 km/h, enquanto, na Europa, a velocidade é de 56 km/h. Apenas 40% do carro colide com a barreira nesses dois testes. Nos EUA, a colisão é de 100%, a 48 km/h.
Caso um modelo tenha conseguido zero estrela no impacto frontal, a entidade nem testa o impacto lateral, dando um resultado total de zero.
Fonte: G1