O Flamengo teve uma temporada absurdamente pesada em 2017. Foram 83 jogos do time profissional. Ergueu, inclusive, uma estrutura para que o estádio Luso Brasileiro, da Portuguesa recebesse pelejas da equipe rubro-negra. Caso o clube pudesse direcionar seus compromissos como mandante para o Nilton Santos/Engenhão, não precisaria investir R$ 15 milhões despejados na cancha rebatizada como “Ilha do Urubu” e levaria até 36 jogos à casa alvinegra ano passado, gerando pelo menos R$ 7,2 milhões para os cofres botafoguenses.
A conta é simples, alugando o local para o rival por R$ 200 mil (preço estabelecido para clássicos no campeonato carioca deste ano), essas quase quatro dezenas de pelejas resultariam na cifra acima. E os alvinegros poderiam, ainda, faturar com bares, estacionamento, além de negociar um percentual da renda se a mesma ultrapassasse determinado patamar. Pela maior demanda e exposição, também cresceria junto ao mercado publicitário o valor dos espaços fixos para propaganda que o Botafogo lá comercializa, como placas, placar eletrônico, etc.
Não é absurdo imaginar que esse valor poderia bater a cada dos R$ 9 milhões a R$ 10 milhões para as combalidas finanças botafoguenses em 2017. Dinheiro valiossímo e que possibilitaria, por exemplo, contratações mais caras e de melhor nível técnico para a atual temporada. Os argumentos para o veto ao Flamengo são tolos, pueris. A batalha na justiça com o dispensável William Arão (em 2017 Bruno Silva foi superior a ele, inclusive) e agora a comemoração de Vinícius Júnior no clássico do sábado de carnaval. Questões menores que estão custando caro.
Como se provocações não fossem tão comuns, partindo do próprio Botafogo, inclusive. Os vídeos (acima e abaixo) comprovam isso. No Bate-Bola da ESPN Brasil, em 2008, jogadores dos anos 1960 e 1970 falaram sobre os tempos em que o goleiro Manga dizia que contra o Flamengo o “bicho” estava garantido, ou seja, a premiação por vitória era certa. E no ano passado, Muralha provocando botafoguenses e vascaínos após a classificação do Flamengo para a decisão estadual contra o Fluminense; e a resposta de Pimpão, quando, com os rubro-negros eliminados da Libertadores, os alvinegros nela avançavam.
Tudo normal e natural. Como diria Vanderlei Luxemburgo, pertence ao futebol. O que não deveria pertencer são posturas passionais que agradam os mesmos torcedores cegos pelo fanatismo e que não conseguem perceber o óbvio: tais decisões reduzem o faturamento do clube e consequentemente seu poder de investimento. Quando protestarem gritando coisas como “Queremos jogador”, lembrem que estão, há tempos, estimulando o Botafogo a rasgar um dinheiro que não tem. Ainda mais numa temporada sem Libertadores, sem luvas da TV e precocemente sem Copa do Brasil após o papelão da semana passada.
Fonte: Blog do Mauro Cezar Pereira – ESPN.com.br