Entidades ouvidas pela comissão externa da Câmara que acompanha as investigações sobre os assassinatos da vereadora carioca do Psol Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes reclamam da ação da polícia durante a intervenção federal na segurança pública no Rio de Janeiro. O colegiado ouviu, nesta sexta-feira (20), na capital fluminense, defensores públicos e entidades da sociedade civil, como a Central Única de Favelas e o Meu Rio, ligados à defesa dos direitos humanos.
Vladimir Platonow/Agencia Brasil
No dia 14 de abril, manifestações lembram um mês do assassinato da vereadora
O coordenador da comissão, deputado Jean Wyllys (Psol-RJ), disse que essas organizações acompanham de perto a intervenção na segurança do estado. “A intervenção, ao contrário do esperado, empoderou o que eles chamam de maus policiais, ou seja, a arbitrariedade, a truculência, a violência contra moradores por parte das forças de segurança dos policiais aumentou bastante desde que a intervenção aconteceu”, informou.
Investigações
Sobre o assassinato da vereadora do Psol e de seu motorista em 14 de março, Wyllys disse que os responsáveis pela investigação garantiram que dentro de 60 dias o caso deve ser solucionado. Segundo os deputados, os investigadores comparam a morte de Marielle à da juíza Patrícia Acioli, que foi executada em 2011 por policiais que ela julgava.
“O prazo é este: 60 dias. Eles conseguiram concluir as investigações em torno do assassinato da Patricia Acioli. Decorridos os 60 dias ou mais, a gente vai se reunir para ver se toma providências para federalizar a competência dessas investigações”, afirmou Wyllys.
As investigações sobre o caso seguem em sigilo. Até o momento, os deputados da comissão externa da Câmara, que tiveram acesso a essas informações, avaliam como positivo o andamento do processo. O colegiado já se reuniu com o Chefe da Polícia Civil, Delegado Rivaldo Barbosa; o interventor federal para segurança pública no Rio, general Braga Netto; e o Secretário de Segurança Pública do estado, General Richard Nunes.
Recursos
Jean Wyllys destacou ainda alguns resultados da atuação da comissão externa, como a promessa do Ministério de Direitos Humanos de destinar cerca de R$ 7 milhões de recursos extras aos programas de proteção a testemunhas. Além disso, o parlamentar ressaltou negociações em andamento para que parte dos recursos federais destinados à intervenção (na ordem de R$ 1,2 bilhão) seja usada na política de proteção de defensores de direitos humanos e testemunhas.