Empresários, profissionais do setor, imprensa especializada e fashionistas lotaram a sala de desfile do Pavilhão das Culturas Brasileiras para acompanharem o Top Five. O desfile coletivo, resultado da parceria entre o Sebrae e o Instituto Nacional da Moda (In-Mod), apresentou as coleções das marcas Karine Fouvry Paris (Rio de Janeiro), LED (Minas Gerais), Vankoke (Rio Grande do Norte), Borana (Espírito do Santo) e Kalline (Santa Catarina).
O Top Five é um projeto que visa inserir os pequenos negócios no mercado de alto valor agregado da moda. As empresas selecionadas recebem consultoria de especialistas – que apontam novos caminhos para a evolução do negócio, tanto no desenvolvimento de produtos, estratégia comercial, comunicação e branding. Durante doze meses, os cinco empreendedores atendidos pelo Sebrae em todo país passam por uma intensa imersão para, assim, entrarem no SPFW. O evento é a maior semana de moda da América Latina e a quinta do mundo. Reúne 30.000 empresas, movimenta anualmente U$ 50 bilhões em exportações e emprega mais de dois milhões de brasileiros.
“O mundo da moda é composto por micro e pequenos empresários, portanto a nossa finalidade é estar aqui e apoiar o empreendedor. Assim, o Sebrae reintera sua missão, que é qualificar. E trazer as marcas ao fashion week é uma forma de qualifica-las. Entendemos que moda é uma constante inovação e criatividade. Nós não ensinamos criatividade, ensinamos as noções de organização econômica e empreendedora”, disse Guilherme Afif Domingos, presidente do Sebrae. O setor possui 1.392.327 de pequenos negócios, o que significa 93% do universo de empresas desse segmento e 61% da geração dos mais de 2,5 milhões de empregos.
A carioca Karina Fouvry trouxe para as passarelas a coleção denominada Gipsy. A designer imaginou uma musa boêmia e etérea para narrar o seu inverno 2018. Com silhueta fluida e misteriosa, crochê e macramé tradicional são composições desta coleção. A mulher boemia possui alma livre e é dona das próprias regras, tem afinidade forte com a natureza e os elementos que a compõem, a espiritualidade junto com a liberdade se traduzem em como se veste, com fluidez, exuberância, mas também versatilidade. Sobre a participação no evento, Karine disse que foi fundamental para se firmar no cenário. “É ótimo desfilar em um palco nacional e ganhar visibilidade. Tivemos contato com pessoas da indústria da moda e fiz parcerias que ajudaram a marca crescer e se posicionar no mercado”, explica a estilista.
A mineira LED apresentou a Apocalíptica, que trata sobre o atual cenário do Brasil. “Somos uma marca plural e está no nosso DNA trabalhar com questões políticas e de empoderamento”, explica Célio. Apocalíptica colocou os holofotes nas “bruxas modernas”, que são, como o próprio estilista pontua, pessoas que incomodam por fugirem dos padrões. “Enxergamos o corpo como um espaço de resistência e estamos vivendo tempos sombrios. A coleção tem um diálogo direto com a nossa realidade”.
A potiguar Vankoke teve como inspiração o trabalho de Margaret Mee, artista botânica inglesa que se especializou em plantas da Amazônia. As ilustrações botânicas foram usadas como base para a criação das estampas, confeccionadas por Pat Lobo. Todas as peças são pintadas a mão e levaram para a passarela um verão feminino – marca registrada da Vankoke: Com volume, babados e tons pasteis. “A moda, sendo um setor significativo, mas também com grande alcance e influência, pode ser um vetor para que o trabalho de consciência ambiental seja uma prática comum para todos”, explica a estilista Adriana Patrícia.
Já a Borana, do Espírito Santo, apresentou a moda praia com peças rústicas, estampas diferenciadas e explorou as cores, o que, segundo Patiara Aguiar, reflete o espírito da marca. O toque artesanal ficou por conta dos detalhes em madeira de reflorestamento das argolas presentes nas roupas de banho. Patiara conta que a experiência com o SPFW deu visibilidade para marca e rendeu frutos. Após a participação no ano passado, o estoque da loja foi todo vendido e o faturamento dobrou. “Nunca tinha feito nenhum desfile, o primeiro foi no SPFW. Eu aprendi muito durante todo o processo”, conta.
A catarinense Kalline conseguiu mostrar na passarela a nova coleção denominada Hangar, que traduz o comportamento das pessoas nos tempos atuais e dialoga com a transição para o novo mundo “A comunidade mudou, a forma de consumir também, expressamos uma a inquietação e representa o mundo em transição”, explica Eduardo Rizzotto, estilista. O desfile apresentou propostas de sobreposições e formatos volumosos ideias ressaltando, claro, o couro.