Além dos programas sociais, a governadora falou sobre a crise migratória
O calendário de pagamento do Crédito do Povo, os programa sociais e a atuação do Governo do Estado diante da crise migratória que Roraima enfrenta, fizeram parte dos assuntos tratados pela governadora Suely Campos, durante entrevista para o programa Agenda da Semana, da Rádio Folha, neste domingo, 13.
“O Crédito do Povo é a preocupação número um do Governo. Vamos publicar o calendário nas redes sociais para que os beneficiários saibam o dia do pagamento”, disse a governadora, ressaltando que, ao iniciar a gestão em 2015, fez uma auditoria para reavaliar o programa.
À época, segundo ela, havia 40 mil famílias inscritas. Foi realizada uma auditoria e o recadastramento dos beneficiários para verificar quem realmente se enquadrava no perfil e continuaria recebendo o benefício. “Detectamos que muitas pessoas que recebiam eram donas de carros de luxo, casas com piscina; fugiam do foco do programa Crédito do Povo”, ressaltou.
Conforme Suely Campos, depois do recadastramento, 25 mil famílias permaneceram recebendo o beneficio. Ao longo dos últimos três anos, as assistentes sociais da Setrabes passaram a realizar busca ativa, com a finalidade de incluir famílias que se enquadram no perfil do Crédito do Povo.
“Atualmente, o programa beneficia 34.754 famílias e injeta mensalmente na economia local R$ 4.170.480,00. O Crédito do Povo atende pessoas de todo o Estado, inclusive, 4.400 famílias indígenas”, esclareceu a governadora.
Criado com o objetivo de auxiliar grupos familiares em situação de vulnerabilidade social e financeira, cuja renda mensal corresponda até ¼ do salário mínimo por pessoa, o programa de transferência de renda favorece, principalmente, famílias chefiadas por mulheres, com filhos de zero a 18 anos incompletos; com dificuldades materiais para manutenção de pessoas incapacitadas para a vida independente.
Durante a entrevista, ela anunciou ainda que o pagamento integral do Crédito do Povo correspondente ao mês de maio foi enviado para o Banco do Brasil na sexta-feira, 11. Contudo, por questões técnicas no processamento dos dados entre a Sefaz (Secretaria Estadual da Fazenda) e o Banco, o Crédito dos cartões com finais 4 a 9 estará disponível na conta para saque na segunda-feira, dia 14. Já o Crédito dos cartões de final 0 a 3 está disponível para saque desde esse sábado, dia 12.
OUTROS PROGRAMAS SOCIAIS – Suely Campos destacou também o programa Qualifica Roraima, que oferece a pessoas de baixa renda a oportunidade de qualificação, além de cursos preparatórios para concursos. “O programa é direcionado para famílias que recebem o Crédito do Povo. Entre 2017 a 2018, por exemplo, as oficinas de culinária beneficiaram mais de duas mil pessoas em todo o Estado”, afirmou.
A governadora ressaltou ainda o crescimento do número de assistidos da Rede Cidadania Atenção Especial. A unidade possui 1.404 usuários com deficiência intelectual, física e outras, que são atendidos por 280 servidores. “Atendemos desde o bebê que faz estimulação precoce, até o adulto com necessidades especiais, que recebem assistência em saúde, participam de atividades desportivas, culturais, pedagógicas e profissionalizantes”.
Criado para crianças e adolescentes, a Escola do Atleta também foi motivo de destaque. Segundo a governadora, o programa retira os adolescentes das ruas, com oferecimento de atividades, com a prática de futebol, ginástica rítmica, atletismo, futsal e jiu-jitsu. Atualmente, 1.292 crianças e adolescentes dos municípios de Boa Vista, Rorainópolis, Bonfim e Normandia são beneficiados.
MIGRAÇÃO – Tema recorrente nos últimos meses, outro assunto destacado pela governadora foi a crise migratória, que vem causando grande impacto nas áreas da saúde, educação e segurança.
“Nessa segunda-feira, 14, vamos receber o novo ministro da Saúde, Gilberto Occhi, que cumprirá uma agenda de reuniões com representantes do Estado e dos municípios”, disse.
Em Pacaraima, ele vai visitar instalações do Exército de acolhimento aos imigrantes. Quando retornar a Boa Vista, o ministro se reunirá com a governadora para tratar sobre da saúde pública de Roraima.
“Vamos reiterar os pedidos de aumento do teto da MAC [Média e Alta Complexidade], para cobrir o déficit mensal que hoje é de R$ 2,4 milhões, e também da instalação de uma barreira sanitária em Pacaraima, com a vacinação obrigatória para todos que entrarem no País”, frisou Suely Campos.
Segundo ela, é preciso organizar a entrada de venezuelanos no Brasil. “Já são nove abrigos: oito em Boa Vista e um em Pacaraima. É uma situação complexa. Todos estão com dificuldades para lidar com a situação. Sempre tivemos essa integração com a Venezuela, mas a vinda em massa está prejudicando a nossa população”, afirmou.
Sobre a Audiência de Conciliação, baseada na Ação Cível que solicita o fechamento temporário da fronteira, marcada para o próximo dia 18, no STF (Supremos Tribunal Federal), a governadora disse estar otimista. “A ministra Rosa Weber se mostrou receptiva em nos ouvir. Vamos tentar sensibilizá-la”, disse Suely, acrescentando que o prefeito de Pacaraima, Juliano Torquato, e lideranças indígenas de várias etnias e organizações também entraram com petição junto ao STF.
De acordo com a chefe do Executivo estadual, os índios reclamam da invasão nas comunidades. Essas organizações representam aproximadamente 13 mil indígenas das etnias Macuxi, Taurepang, Sapará e Wapixana, de Pacaraima.
Estima-se que hoje existem mais de 50 mil venezuelanos vivendo no Estado, o que representa 10% da população local. Por dia, a Polícia Federal registra na fronteira a entrada de 600 a 800 venezuelanos, que buscam refúgio no Brasil e a primeira parada é em Roraima.
Com o aumento populacional, o registro de atendimentos a estrangeiros no sistema público de saúde do Estado, desde 2014, saltou de 766 para 50.286, um aumento de 6.500%, que representa custo adicional de R$ 70 milhões e, conforme Suely Campos, o Estado não suporta a demanda.
A fronteira livre também favorece a entrada de drogas, de armas e de bandidos, que aproveitam para se infiltrar entre o grande número de refugiados. Houve um aumento de 173% nos crimes envolvendo estrangeiros nos últimos dois anos.
Na educação, houve aumento de 400% no total de imigrantes matriculados, com um custo médio de R$ 5.159,19 por aluno. Hoje, em todo o Estado (nos 15 municípios), são 1.484 estudantes estrangeiros matriculados nas escolas da rede estadual de ensino. Só na Capital, há 1.374 alunos estrangeiros.