Uma nota pública da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé e da Associação do Povo Indígena Uru-eu-Wau-Wau afirma que os direitos desses povos estão sendo violados.
Segundo as entidades, são constantes as invasões de madeireiros, grileiros e garimpeiros nos territórios indígenas.
As associações pedem mais estrutura para Coordenação Regional da FUNAI em Ji-Paraná. Cobram ainda mais fiscalização e apoio do Ibama, ICMBio e autoridades policiais.
Na última semana, indígenas queimaram um dos tratores dos madeireiros. Eles afirmam que a atitude radical ocorreu porque estão cansados de esperar por providências para a retirada de aproveitadores do território.
De acordo com a Funai, a Coordenação Regional recebeu a denúncia de que madeireiros estariam entrando na aldeia Alto Jaru para retirar madeira cerrada da Terra Indígena. Dois servidores foram designados para acompanhar a situação. Com apoio do Batalhão da Polícia Militar Ambiental de Ji-Paraná, o grupo se deslocou para a Terra Indígena, mas os madeireiros já haviam se retirado da área.
Os indígenas destacam que a Terra Indígena Uru-eu-wau-wau e o Parque Nacional de Pacaas Novos são responsáveis pela maior biodiversidade de Rondônia. Nascentes dos 17 principais rios do Estado estão na região. Lá também vivem três etnias indígenas e outros três grupos de povos isolados, ainda sem contato com a sociedade.
O Ibama não respondeu ao pedido de informações da reportagem sobre as ações de fiscalização na área.
Veja abaixo a nota pública dos povos da TI Uru-eu-wau-wau:
Nota Pública: denúncia sobre violações de direitos do povo indígena Uru-Eu-Wau-Wau
A Associação do Povo Indígena Uru-eu-Wau-Wau e a Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé vem a público denunciar a violação de direitos do povo indígena Uru-eu-wau-wau diante das constantes invasões de madeireiros, grileiros e garimpeiros e a inércia por parte do Estado Brasileiro, que tem o dever de protegê-los.
A Terra Indígena Uru-eu-wau-wau/Parque Nacional de Pacaas Novos é responsável pela maior biodiversidade de Rondônia e nascente dos 17 principais rios do Estado, além disso é onde vivem os povos indígenas Jupau (conhecidos como Uru-eu-wau- wau), Amondawa, Oro Towati (Oro In) e três grupos de povos isolados, ainda sem contato com a sociedade brasileira. Estes vem sendo constantemente invadidos, seus recursos naturais destruídos e a vida dos indígenas sendo ameaçada pelos invasores.
Os indígenas e a Kanindé vêm denunciando há muito tempo as invasões e pedindo providências. No entanto, poucas ações têm sido realizadas para conter os invasores. A Fundação Nacional do Índio (Funai), orgão responsável pela proteção do território e dos indígenas, encontra-se sucateada e sem recursos humanos e equipamentos para atuar na defesa da integridade física e territorial do povo indígena, precisando urgente que o governo federal dê condições para a Coordenação Regional da FUNAI em Ji-Paraná atuar na defesa da vida e do território indígena.
Ontem, cansados de esperar por providências e a retirada dos invasores de seu território, os indígenas resolveram tomar uma atitude radical e queimaram um dos tratores dos invasores, colocando suas vidas e a dos invasores em risco – na espera que a Funai, IBAMA, ICMBio, MPF e as autoridades policiais possam ajudá-los.
Na região do Grotão e Terra Roxa a terra indígena vem sendo destruída por grileiros e madeireiros há muito tempo e se necessita expulsar os invasores das áreas. Urge que sejam tomadas providências antes que algo pior aconteça. Solicitamos a todos os orgãos públicos e sociedade brasileira que se juntem na defesa destes povos que vêm sendo massacrados há anos e que estão tendo seu território destruído e suas vidas colocadas em risco.
Porto Velho-RO, 10 de maio de 2018
Autor / Fonte: Agência Brasil