A suspeita de um caso de poliomielite em crianças que moram numa comunidade indígena em Delta Amacuro, Estado localizado na região Nordeste da Venezuela, colocou em alerta as autoridades da área de vigilância epidemiológica no Brasil, especialmente em Roraima, devido a alta migração de venezuelanos para o Estado.
A atribuição do controle vacinal na fronteira é da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), mas no âmbito estadual, a CGVS (Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde) da Sesau (Secretaria Estadual de Saúde), enviou um comunicado aos municípios para intensificar as ações de vigilância epidemiológica.
Além disso, a Vigilância Estadual vai intensificar ações de combate à doença, com análise da cobertura vacinal do Estado, sensibilização dos profissionais da saúde sobre os sintomas da poliomielite e a busca ativa de suspeita de casos nas unidades.
De 2003 a 2017, 89,6% da população em Roraima foi vacinada contra a doença. A cobertura vacinal contra pólio recomendada pela Opas (Organização Pan-Americana de Saúde) para os Estados membros é de mais de 95% em cada distrito ou município.
Embora, atualmente, o Brasil esteja livre da poliomielite é fundamental a continuidade das campanhas de vacinação. “Isso vai evitar a reintrodução do vírus no país, devido a suspeita de dois casos da doença, na Venezuela. Vale ressaltar que a única forma de prevenção é por meio da vacinação”, disse Aryuska Menezes, gerente do Núcleo de Poliomielite da Sesau.
CASOS SUSPEITOS – A Opas está investigando pelo menos dois casos suspeitos de PFA (Paralisia Flácida Aguda) em crianças que moram NA comunidade indígena em Delta Amacuro
De acordo com a nota emitida pela Organização, no dia 7 de junho o Ponto de Contato Regional da OMS (Organização Mundial de Saúde) para o Regulamento Sanitário Internacional, recebeu um relatório não oficial sobre a detecção da suspeita de um caso de poliomielite.
Um dia depois a Opas recebeu informações atualizadas. O caso suspeito é numa criança de 2 anos e 10 meses de idade, sem histórico de vacinação. Ela começou a apresentar os sintomas no dia 29 de abril, e pouco mais de um mês depois a paralisia flácida de um membro inferior ainda persistia.
Um poliovírus da vacina Sabin tipo 3 foi isolado e tipificado pelo laboratório de referência nacional, o Instituto Nacional de Higiene Rafael Rangel, na amostra coletada no dia 30 de abril.
Ainda de acordo com a nota emitida pela Opas, as amostras foram enviadas para o laboratório referência regional para sequenciamento e confirmação de achados virológicos. Outras crianças da mesma comunidade foram vacinadas.
A investigação de campo em curso identificou uma menina de 8 anos de idade, que já tomou pelo menos uma dose da vacina trivalente oral, residente na mesma comunidade, apresentando flacidez num membro inferior.
Entenda a doença
A poliomielite é uma doença infectocontagiosa viral aguda, caracterizada por um quadro de paralisia flácida, de início súbito. A infecção se dá, principalmente, pela via fecal-oral (mais frequente) por objetos, alimentos e água contaminados ou por via oro-oral, quando a transmissão é feita pelo contato com a saliva, ao falar, tossir ou espirrar.
É considerado suspeito todo caso de deficiência motora flácida, de início súbito, em indivíduos com menos de 15 anos de idade, independente da hipótese diagnóstica de poliomielite. Assim também como casos de deficiência motora flácida, de início súbito, em indivíduo de qualquer idade, com histórico de viagem a países com circulação de poliovírus nos últimos 30 dias, ou contato no mesmo período com pessoas que viajaram para países com circulação de poliovírus selvagem e apresentaram suspeita de diagnóstico de poliomielite.