O primeiro dia de programação do VI Fórum de Cidadania Financeira deu início ao debate sobre o desenvolvimento e a oferta de serviços financeiros responsáveis, que sejam não apenas economicamente viáveis, mas também atentem a princípios como transparência, ética e equidade no relacionamento entre cliente e provedor. O evento é uma realização do Banco Central, em parceria com o Sebrae, e receberá diversos painéis e profissionais de renome. O painel “Pequenas Empresas e Digitalização” teve como meta discutir a digitalização como uma possível solução à inclusão financeira sustentável de MEIs e pequenas empresas, de forma a destacar os principais entraves, como solucioná-los e o que está sendo feito a respeito. Maurício de Almeida Prado, diretor executivo do Plano CDE, foi mediador da conversa. Prado expôs para a plateia os principais desafios encontrados pelas pequenas e médias empresas: meio de pagamento, gestão de negócio, acesso a crédito e escala com fornecedor. Diante do cenário, segundo Prado, as fintechs – empresas que redesenham a área de serviços financeiros com processos baseados em tecnologia – podem complementar o ecossistema econômico. “As fintechs podem estar em um momento importante para melhorar os negócios, o pensar financeiro e a vida de milhares de empreendedores do Brasil”. Hugo Lumazzini Paiva, coordenador do Núcleo de Novos Negócios Digitais de Finanças do Sebrae Nacional, participou do painel com Bernardo Pascowitch, diretor da ABFintechs; e Breno Lobo, gerente do Projeto de Pagamentos Instantâneos do Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos do Banco Central do Brasil. Paiva falou sobre o novo produto desenvolvido pelo Sebrae, o NaConta – um HUB totalmente gratuito de serviços financeiros. Ele ajuda o empreendedor a escolher os melhores serviços financeiros para a empresa por meio da aproximação com os parceiros do Sebrae. “Essa revolução das fintechs pode contribuir cada vez mais para pessoas físicas e jurídicas. Criamos o NaConta, que contribui com a tomada de decisão do empreendedor para saber se aquela fintech é ideal para ele ou se um banco é uma melhor opção”, explica Hugo. Outro painel que compôs a programação foi o “O Uso de Serviços Financeiros pelas Famílias de Baixa Renda”. Carlos Viana de Carvalho, diretor de Política Econômica do Banco Central do Brasil, foi mediador juntamente com os painelistas Alexandre Comin, gerente da Unidade de Capitalização e Serviços Financeiros do Sebrae; e Vinícius Botelho, secretário nacional de Avaliação e Gestão da Informação do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS). Eles apresentaram um panorama do uso de serviços financeiros pela população de baixa renda, principais desafios identificados e iniciativas para ampliar o acesso dessa população a serviços de qualidade. Botelho citou o projeto Progredir, um plano de ações do governo federal para gerar emprego e renda e promover a autonomia das pessoas inscritas no Cadastro Único. “Se dermos crédito para as pessoas e não oferecermos educação financeira, teremos uma pessoa endividada. Então, articular essa iniciativa é fundamental para gerar inclusão financeira”. O portal do projeto tem mais de 43 mil usuários e são oferecidos 219 cursos para ajudar no melhor gerenciamento das atividades empreendedoras. Em seguida, Alexandre Comin focou sua apresentação nos microempreendedores individuais.
“Trabalhamos, particularmente a partir da criação do MEI, criado em 2010 e extremamente bem-sucedido, para a inclusão e formalização dos pequenos empreendedores”. Comin ressaltou a importância da educação financeira para o desenvolvimento dos potenciais empresários e citou o projeto do Sebrae em comunidades do Rio de Janeiro, realizado desde 2011. O foco é fomentar o empreendedorismo e prestar orientação para o uso consciente de serviços financeiros, principalmente em relação ao crédito. “Temos que pensar na natureza empreendedora dessas comunidades e na atividade como uma porta importante de inclusão produtiva e financeira”, ressaltou Comin.