A gente ouve histórias de grandes empresas de tecnologia que nasceram em garagens nos Estados Unidos e fica imaginando como elas foram tão longe, como conseguiram se tornar o que são, não é? E quando aqui mesmo, no nosso país, encontramos uma startup que começou em uma mesa cedida pela mãe de um dos fundadores e atualmente, apenas 7 anos depois, emprega mais de 100 pessoas e atende 15 mil clientes? Bem, aí a gente pega a estrada e vai até lá pra conhecer melhor esta trajetória.
A catarinense Hiper é a quinta empresa mostrada pela Expedição #AquiTemSebrae, que começou em outubro, em comemoração ao aniversário de 46 anos da instituição. A jornada passou por cidades das cinco regiões do Brasil, onde contamos histórias de superação, coragem, persistência, ousadia, enfim, de empreendedorismo que transforma. Cada região foi representada por um estado. Antes de Brusque (SC), a expedição passou por Esperantina (PI), Olhos D`Água (GO), Cachoeira do Arari (PA) e Campinas (SP). Os registros de todo este percurso podem ser conferidos nos canais do Sebrae Nacional nas mídias sociais.
Pensada para ser grandeNo início dos anos 2000, o jovem Marcos Fischer trabalhava na área de tecnologia de uma grande rede de varejo com sede em Santa Catarina. Lá, conheceu Marinho da Silva Júnior, que passou a ser seu colega como estagiário e Tiago Vailati, que foi admitido como menor aprendiz. Durante dez anos, atuaram juntos no desenvolvimento de softwares para o negócio e no suporte à gestão. Formados em Ciências da Computação, começaram a perceber o processo de transformação que as empresas do varejo estavam tendo de passar por conta das mudanças na legislação tributária e da adoção de novas tecnologias. “Vimos a oportunidade de desenvolver um software de gestão focado nos pequenos negócios, que pudesse atender a estas novas necessidades. Fizemos pesquisas e identificamos esta carência nas micro e pequenas empresas”, conta Marcos Fischer.
Com esta ideia na cabeça, os três continuaram trabalhando na rede de varejo, durante o dia, e, à noite, no `terceiro turno`, se reuniam na casa de Tiago para trabalhar no desenvolvimento do projeto. “A gente brinca que a mesa que ficava na garagem da mãe do Tiago vai ser uma grande herança nossa, o móvel tem um valor simbólico. Foi nela que começamos, literalmente, a rabiscar nosso software e planejar nosso negócio”, brinca Marinho.
Eles contam que, desde o começo, pensaram na Hiper como uma empresa que iria além de Brusque e de Santa Catarina. “Tivemos que desconstruir muita coisa na nossa cabeça, mudar mesmo o mindset, o modo de pensar, para atender o pequeno varejo. Escolhemos esta fatia de mercado porque era a mais viável para escalar e crescer. Nascemos para ser uma empresa nacional e hoje temos orgulho de dizer que atendemos clientes em todas as unidades da federação, do Amazonas ao Rio Grande do Sul, do Acre a Fernando de Noronha”, afirma Marcos. Do arquipélago, aliás, vem uma curiosidade: a Hiper atende quase 20% das empresas estabelecidas.
A primeira versão do software, finalizada em meados de 2011, foi chamada de Itec e oferecia o módulo de controle de estoque, integrado com a emissão de nota fiscal. Naquela época, começou a ter uma regulamentação no setor e passou a ser exigida a homologação deste tipo de sistema. Como o processo de homologação não era muito simples, e os fundadores da Hiper já entendiam do assunto, a empresa acabou tendo um diferencial competitivo logo no início. “Muitas empresas do nosso segmento deixaram de existir porque não conseguiram fazer esta homologação. No nosso projeto, desenvolvemos as primeiras funcionalidades já da forma correta, seguindo o que determinava a regulamentação. E isso foi muito importante para conquistarmos os primeiros clientes”, explica Marinho.
Gestão, evolução e crescimentoDepois de sair da garagem, em 2012, a Hiper passou a funcionar em uma pequena sala de 40m2. No primeiro semestre de 2018, a empresa se mudou para um galpão de cerca de 800m2. Neste meio tempo, o sistema Itec virou o Hiper, que é utilizado por cerca de 15 mil clientes, de lojas de roupas e calçados, cosméticos, variedades, brinquedos e presentes (não atendem poucos segmentos, como postos de gasolina, farmácias, bares e restaurantes). As vendas são feitas pelo portal e por meio de cerca de 500 empresas parceiras, que também fazem a chamada manutenção de primeiro nível. O sistema conta com um módulo básico e o cliente pode `customizá-lo`, a partir da ativação de outros módulos, em uma loja de aplicativos. Assim, os sócios explicam, cada empresa pode ter o sistema que melhor a atende.
Aqui um parêntese (ou melhor, um pequeno parágrafo) para falar da sede atual. Com projeto arquitetônico arrojado e clima descontraído, o ambiente chama a atenção pelo salão de jogos, a copa com canecas divertidas, as frases motivacionais impressas na parede e um grande balanço no hall de entrada. Mas também pela diversidade e integração dos colaboradores. São 110 profissionais com origem em todas as regiões do Brasil, de diferentes idades, estilos e perfis. Toda sexta-feira, se reúnem na arena na entrada da empresa para reconhecer o trabalho uns dos outros (os elogios semanais são afixados em um mural) e falar dos planos para o futuro.
Voltando a falar da trajetória da empresa… Hoje, os sócios contam que os principais desafios são continuar crescendo e inovando, sem perder a essência do negócio e a cultura construída ao longo dos (ainda poucos) anos de existência. “Nós começamos a perceber que, para a Hiper deslanchar, havia outros papéis igualmente importantes que tínhamos de desempenhar. Além do conhecimento técnico, precisávamos aprender sobre gestão, sobre pessoas, sentimos a necessidade de desenvolver nossas características e habilidades empreendedoras”, afirma Marcos. Foi quando os três sócios decidiram fazer o Empretec, capacitação desenvolvida pela ONU e, no Brasil, coordenada pelo Sebrae. “Foi um divisor de águas para nós, ampliamos nossa percepção sobre as possibilidades do negócio e criamos um networking fantástico com outros empresários que enfrentam os mesmos desafios que nós”, relembra Marinho. Além do Empretec, eles participam do projeto StartupSC, também coordenado pelo Sebrae. Por meio dele, em 2014, participaram de uma missão ao Vale do Silício.
Gente e culturaPara manter a integração dos colaboradores e preservar a cultura traduzida no slogan da empresa “gestão mais simples, negócios mais felizes”, os sócios cuidam de perto da seleção e gestão do pessoal. “Estruturar os processos e montar o time foi o nosso primeiro grande desafio. Mesmo pequenos, acreditávamos na cultura da empresa e sabíamos da importância de selecionar pessoas que tivessem os mesmos valores que a gente. Hoje, nesta fase de consolidação e crescimento, precisamos manter os processos organizados e estreitar o vínculo com as equipes, de modo que todos estejam alinhados e não percam o foco”, analisa Marcos. Além das reuniões semanais 360 graus, é feito também um trabalho de coaching, envolvendo fundadores, equipes de gestores e corpo técnico.
Para manter a harmonia entre os sócios fundadores, eles dizem que o segredo é o diálogo e a crença de que o copo nunca está cheio. “Temos muitas afinidades e muita confiança mútua, buscamos sempre nos desenvolver e proporcionar este desenvolvimento a nossas equipes e investimos na profissionalização da gestão, o que facilita muito”, avalia Marinho. Para ele, o grande desafio de empreender é equilibrar o trabalho, a família e as questões financeiras. Mas, quando olha a trajetória da empresa que ajudou a criar e vislumbra o futuro, diz que tudo vale a pena. “A cadeira de líder do segmento de software de gestão para pequenos negócios está vazia. E nós vamos ocupar esta cadeira. Nossa visão de futuro é ser o principal fornecedor de software de varejo para micro e pequenas empresas do País”, sentencia o catarinense. Algo me diz que um dia a gente volta pra contar esta história.
Em Santa Catarina, tem SebraeO estado de Santa Catarina tem 550.294 empresas optantes do Simples Nacional, entre Microempreendedores Individuais (MEIs), Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Receita Federal, 03/11/18), representando 4,38% dos optantes do Simples no Brasil. Apenas como MEI são 304.566 mil empreendedores formalizados (55,34%). O setor predominante é o Serviços (39,8%), seguido de Comércio (34,4%). Em 2018, até 5 de novembro, o Sebrae em Santa Catarina realizou 88.544 atendimentos a pequenos negócios.
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