Bom dia amigos Palestrinos,
Na semana passada fiz a análise do análise do Balanço Patrimonial da SEP, e muitas pessoas enviaram questões para que as principais dúvidas fossem exauridas, neste post vou tentar elucidar as dúvidas que surgiram e completar algumas informações que são necessárias, sempre lembrando que os valores são expostos em milhares de reais.
1) O que significa “Outros”, cujo valor que representa aproximadamente 56% do superávit?
R: Neste outros (termo usado na minha análise) inclui as receitas abaixo:
Não há nota explicativa sobre o que sejam as Rendas Diversas para poder esclarecer melhor esse item.
2) Essa gestão tem falado muito de pagamento de dívidas trabalhistas. Tem algum dado que indique o montante ou número de casos resolvidos, e as pendências que ainda tem?
R: Não há no balanço algo específico, porém encontramos em provisão para contingências algo que demonstra esses gastos.
Entendendo: Enquanto o processo não está transitado e julgado, entende-se que ainda não é uma dívida, ela pode vir acontecer, como pode haver vitória do Palmeiras, portanto até o encerramento jurídico ela é uma contingência.
O Palmeiras em 31/12/2018 possui um montante de R$220.063 sendo executados em processos, em 31/12/2017 era de R$ 502.971 (extraído da nota explicativa 12), porém o clube entende que desse valor R$ 38.746 provavelmente irá perder então ele informa esse montante em Provisão para Contingências.
Se analisarmos 2017 o saldo era de R$ 41.303 passando em 2018 para R$ 38.746, ou seja, uma redução das contingências que ocorrem por pagamentos ou vitória nas ações.
Considerando apenas a esfera trabalhista, houve depósitos judiciais de R$ 8.148 que estão evidenciados nas notas explicativas 12.
3) E sobre o caso Wesley, alguém sabe se andou alguma coisa depois do Galiotte ir até Criciúma?
R: A ida a Criciúma foi em 2019, portanto essa dívida não irá aparecer no balanço de 2018.
4) Como está a questão dos repasses da WTorre? Vale lembrar que em 2019 haverá um aumento das participações do Palmeiras já que fará 5 anos a inauguração do Allianz. Essa receita será cada vez mais significativa com o passar do tempo.
R: Não há no balanço uma conta específica que demonstre o retorno que o Allianz Parque tem dado com relação a shows, naming rights nos dá mensalmente.
Existe uma menção na Nota explicativa nº 12 sobre os processos de arbitragem que estão acontecendo, a primeira, já resolvida, com relação às cadeiras, a segunda ainda em fase pericial, portanto ainda temos que aguardar para saber o desfecho da mesma, como tem cláusula de confidencialidade não está exposto no balanço.
Falta definir essa pendência para que seja feito um encontro de contas entre a WTorre e o Palmeiras para que possa começar a receber esse montante, lembrando que temos que arcar com as despesas dos jogos no Allianz, e portanto é necessário esse ajuste de valores.
5) Essa questão do déficit do clube social, me parece que o @JApparec deu opinião de que contabilmente ele fica parecendo maior do que realmente é. Sabe explicar algo nesse sentido?
R: Segundo informações existem funcionários do futebol que estão alocados como sendo do clube social e por isso acaba gerando o déficit tão grande. Quando começarem a ser repassados os valores da arena isso será compensado.
6) Os juros são 100% do CDI, é isso?! Se for, há algum investimento seguro que renda mais do que isso? Se não, acho que não deveria deixar esses juros acumular.
R: Segundo a nota explicativa número 8, o encargo financeiro aplicado sobre a dívida é o CDI, hoje em torno de 6,40% ao ano, ou 0,52% ao mês.
Parte da nota explicativa 8: Com isso foi reconhecido nesta rubrica o saldo da obrigação a pagar acrescido de encargos financeiros (CDI) devidos até a data do balanço.
Particularmente eu criaria um fundo onde parte da receita fosse reservada para pagamento dos juros + principal, da mesma forma que foi feito com o ex-presidente o que facilitaria a quitação do empréstimo.
7) Pelo que tenho visto em entrevistas da Leila Pereira, ela não diz claramente e nem pode, mas essa dívida é apenas contábil, e o contrato foi mudado para atender um capricho e a volúpia arrecadatória da receita federal que está transformando os cidadãos e empresas brasileiras em matéria-prima para fabricação de impostos, tarifas e taxas. Na prática, entre as partes, valerá o que diz o contrato original.
R: Concordo com a parte da volúpia arrecadadora da receita federal, realmente está acabando com nossas empresas, porém a dívida é real, o Palmeiras terá que arcar com todo o recurso que foi aportado, afinal o que manda é o que está escrito, é lá deixa bem claro que deverá ser pago.
8) Caramba a dívida está alta. Você acha que erraram em quitar, às pressas, a dívida que tinham com o Nobre ao invés de outras com juros maiores? Ou não faria tanta diferença?
R: As taxas de juros dos contratos são bem parecidas, administrativamente não vejo diferença entre uma e outra. Em minha opinião não houve erro em pagar a dívida, porém eu também começaria pagar a atual, usaria o mesmo critério para reduzir o possível da mesma forma.
9) No balanço está descrito a arbitragem com a Real Arenas sobre valores devidos sobre shows e eventos no valor de alguns milhões de reais. Como isso entra no balanço?
R: Infelizmente não entra no balanço nesse momento, pois, além da cláusula de confidencialidade os assessores jurídicos informaram aos auditores que não é possível estimar o desfecho e os possíveis efeitos deste processo, portanto há de se esperar o final da arbitragem para os valores serem inclusos no balanço. Ainda segundo as notas explicativas não é possível estimar os valores envolvidos, prazos e desfechos se serão favoráveis ou desfavoráveis ao clube.
10) O Palmeiras consegue pagar essa dívida altíssima?
R: Sim, se mantiver as receitas nos níveis atuais, tem total condição de liquidar esses empréstimos da forma que está estipulado nos contratos, porém se as receitas caírem teremos problemas.
11) O balanço mostra alguns valores como “antecipações de receitas”. É possível identificar do que se trata e se comprometeria as receitas dos próximos anos?
R: Temos antecipação de contratos tanto em curto prazo, quanto em longo prazo, e o que chama atenção é que ambos foram reduzidos, no curto prazo a redução foi de R$ 20.894 e em longo prazo R$ 34.973.
Esses valores são correspondentes às luvas recebidas pelos contratos, além de recursos de cessão dos direitos de captação, fixação, exibição e transmissão dos sons e imagens, licenciamentos, royalties e franquias, além de patrocínio.
Como estamos observando a redução dos mesmos, entende-se que não foram registrados novos contratos, portanto não ouve o recebimento de luvas, e também não existe antecipação de contratos vigentes, pois haveria um aumento nesse montante.
Na questão de comprometer receitas futuras, não vejo grandes problemas, são valores dentro da normalidade.
12) O Palmeiras tem dívidas com o Governo Federal? Do que se tratam? Estão equacionadas através da Timemania?
R: Sim o Palmeiras tem dívidas não somente com o governo federal, mas também com a prefeitura de São Paulo. Os débitos são basicamente tributos atrasados, como: INSS, PIS, IPTU e ISS.
Nesse momento a dívida gira na casa de R$ 65.596, enquanto em 2017 era de R$ 72.066. Esses valores estão parcelados conforme explica à nota 10 do balanço, os parcelamentos vão desde o acordo da Timemania, quanto a programas de parcelamentos incentivados, (Refis da Copa e parcelamentos junto a prefeitura).
Existe um aumento das obrigações tributárias no balanço na casa de R$2.548, que pode até ser considerada normal, mas é algo para analisarmos os próximos balanços e verificar, pois mesmo com esse aumento o saldo final é de redução do débito tributário na ordem de R$ 3.922.
13) Em 2018 foi noticiado que a Prefeitura emitiu um boleto de mais de R$ 60 milhões para o Palmeiras pagar de “IPTU atrasado”. Essa cobrança, suspensa pela Justiça, consta no balanço como dívida? É algo que o Palmeiras deve se preocupar?
R: Não há menção desses valores no balanço. Esse valor fica incluso nas contingências, conforme falado na questão “2” deste post. Somente integrará o balanço quando o Palmeiras entender que possivelmente irá perder a ação. Por enquanto não acreditam que essa ação será perdida, mas isso irá depender da Justiça, o que claro é um risco.
Como não foi apenas o Palmeiras notificado com relação a esse débito, acredito que esteja “sob controle”, mas impossível dizer o que o judiciário irá decidir, eu colocaria entre o sinal verde e o amarelo.
14) O balanço informa que arrecadamos R$ 116 milhões com jogos em 2018. Do que se trata esse valor, visto que notícias inclusive aqui do PTD dão conta que a arrecadação com bilheteria foi de R$ 79 milhões?
R: Essa questão é muito importante, pois existem alguns jornalistas, não sei se mal intencionados ou apenas para ter seu minuto de fama, falando inclusive em fraude.
O PTD fez um ótimo trabalho nesse quesito e o Eduardo conseguiu a explicação clara do fato e que corroboro aqui.
Dentro dessa rubrica contábil, Arrecadação de jogos, não está contabilizado apenas o valor arrecadado com bilheteria, nessa conta, ingressa todas as receitas advindas do jogo em si. Como por exemplo: cotas e receitas eventuais em jogos, que são valores referentes às cotas que a confederação paga ao Palmeiras por ter passado de fase nas competições (copa do Brasil e Libertadores). Também são contabilizados ali os valores pagos pela WTorre quando jogamos fora do Allianz Parque, portanto não é só bilheteria, inclui-se ali toda a receita advinda do evento em questão.
– Mas por que não são demonstradas item a item essas receitas?
A publicação do balanço não exige que você abra as contas contábeis de forma analítica, a obrigação é que publique o balanço sintético (resumido), mesmo porque se forem abrir todas as contas contábeis a demonstração fica enorme e muito mais difícil de visualizar o que realmente é importante.
Espero que tenha conseguido explicar melhor e que as dúvidas tenham sido esclarecidas. Um grande abraço a todos.
Leandro Santile