O sistema penitenciário brasileiro teve, nesta segunda-feira (29), um dos seus dias mais assustadoramente sangrentos. Cinquenta e sete presos morreram durante uma rebelião no Pará.
O fogo se espalhou rapidamente no pavilhão onde os presos foram atacados. O massacre ocorreu no Centro de Recuperação Regional de Altamira, no Sudoeste do Pará, a 850 quilômetros de Belém.
Por volta das 7h, as celas foram destrancadas para o café da manhã. Um grupo de presos de uma facção criminosa rendeu dois agentes penitenciários e conseguiu invadir uma cela ocupada por detentos de uma quadrilha rival.
A Superintendência do Sistema Penitenciário do Pará informou que 57 presos morreram durante o ataque. Destes, 16 decapitados com armas artesanais e 41 asfixiados, depois que os criminosos botaram fogo nas celas.
Os dois agentes penitenciários foram libertados sem ferimentos. A direção do presídio pediu reforço policial. A rebelião terminou no fim da manhã.
Os presos envolvidos na matança estão isolados. Na porta do presídio, famílias de detentos estavam apavoradas. ”Estou desesperada, entendeu? Porque eles não dão notícias de como está o meu filho nem nada”, disse uma das mães. “Até agora não comi nada, porque não desce nada. Quero saber notícias do meu filho. Eu preciso saber se ele está vivo ou está morto”, falou outra.
O secretário de Assuntos Penitenciários do Pará, Jarbas Vasconcelos, disse que não havia informações que pudessem prevenir o massacre: “Nós não tínhamos nenhum relatório da nossa inteligência reportando um possível ataque, um ataque dessa magnitude, de uma organização contra a outra. Nós ficamos transferindo presos, independente de serem lideranças ou não, de unidades prisionais. Esse é um protocolo que nós temos. Neste caso, agora, nós não tínhamos essa informação”.
É a segunda vez, em menos de um ano, que são registradas mortes no Centro de Recuperação de Altamira. Em setembro de 2018, presos fizeram uma rebelião após uma tentativa de fuga. De acordo com a Susipe, sete detentos foram assassinados por outros presos.
Neste mês de julho, uma vistoria feita pelo juiz de Execução Penal responsável pela unidade e publicada no site do Conselho Nacional de Justiça classificou como péssimas as condições do presídio. Segundo o relatório, o número de presos era maior que o dobro da capacidade. O documento também alertou para a necessidade urgente de uma nova unidade prisional e o aumento do número de agentes penitenciários.
O governo do Pará determinou a transferência imediata de 46 presos, que estariam envolvidos no massacre. Dez deles, que teriam comandado o ataque, devem ir para presídios federais. Essa medida foi acertada entre o governador Helder Barbalho, do MDB, e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.
Em uma rede social, o ministro Sergio Moro declarou que os responsáveis pela barbárie deveriam ficar recolhidos para sempre em presídios federais e que o Ministério da Justiça intensificou ações de inteligências para que episódios de violência como este não se repitam.Fonte: G1
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