Uma escrivã do estado americano do Kentucky foi presa nesta quinta-feira (3) por descumprir uma decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos que regulamenta o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Na hora do “sim”, ela disse “não”. Kim Davis foi detida por se recusar a emitir certidões de casamento para casais do mesmo sexo. O juiz disse que as convicções pessoais não podem estar acima da lei.
A escrivã alega que o casamento gay não é reconhecido por Deus. O caso ganhou destaque depois que ela bateu boca com dois homens que tentavam se casar.
“Não estou fazendo certidões de casamento hoje” – disse ela. O noivo, David, perguntou: “Sob que autoridade?” E ela respondeu: “Sob autoridade de Deus”.
Nos Estados Unidos, a certidão de casamento é feita por funcionários públicos ligados ao sistema judiciário. Na cidade onde Kim Davis trabalha, o escrivão é eleito pelo povo. E só pode ser retirado do cargo por um impeachment.
Mas tem gente que acha que a convicção religiosa de Kim não combina com a vida que ela leva – a escrivã está no quarto casamento.
“Ela já se divorciou três vezes. Nós estamos juntos há vinte anos!”, disse mais um noivo que saiu da prefeitura sem aliança.
Há dois meses, a Suprema Corte legalizou o casamento gay nos 50 estados americanos. Mas Kim nunca assinou uma única certidão de dois noivos ou duas noivas. Ela entrou na Justiça – e perdeu. Recorreu – e agora foi parar na prisão.
Kim não está sozinha. Escrivães do Alabama e do Texas também têm usado a religião pra descumprir a lei. Protestos e manifestações de apoio chegam de vários estados.
“Ela é uma heroína que desafia a Justiça pra cumprir a palavra de Deus” – diz uma manifestante de Ohio.
“Você não escolhe quem ama. Casar é um direito do ser humano” – argumenta a ativista, do Kentucky.
Cinco escrivães que trabalham com Kim vão emitir as certidões de casamento pra todos os casais enquanto ela estiver presa. E o juiz avisou que ela vai ficar na cadeia até decidir cumprir a lei.