“Tudo farei para o povo, mas nada pelo povo”. A frase, célebre na história, é atribuída a Dom Pedro I – o homem que justifica a Semana da Pátria – dias antes de sua abdicação ao trono. As palavras do estadista orientam algumas conclusões. As pessoas notarão que, quase dois séculos depois, a mesma mentalidade mesquinha permanece chancelando os projetos de governo no Brasil. Será que, do nascimento, nossa nação está condenada à incipiência moral e administrativa para sempre?
O exercício da democracia não se pratica, unicamente, com o clique obrigatório na urna, mas também pelo reconhecimento de que o país é rico em riquezas naturais, culturalmente colorido e, inequivocamente, alimentado pelo potencial daquilo que poderia se tornar. Tais constatações se manifestariam por meio de uma sociedade crítica e atuante, que enveredaria para os caminhos da ética e da afirmação. Reconhecer os problemas do presente para lançar os alicerces do futuro, eis o valor da independência.
Há um consenso de que o Brasil vai mal. Na hora de argumentar o porquê, entretanto, poucos sabem elencar os motivos, exceto os problemas da própria circunstância de vida. Isso tem nome: pessimismo. Enquanto o brasileiro não perder o funesto ‘complexo de vira-lata’ e começar a se enaltecer ao patamar que merece, não haverá mudança significativa. Protestar com embasamento, usar a liberdade em favor da liberdade… o país merece avançar a esse nível. De outro modo, o sonho não vira realidade.
Façamos uma crítica contundente. Enquanto chovem impasses na esfera pública, o Brasil ficou refém de siglas e ideologias de ocasião. Estamos nas mãos de um sistema que não renova, apenas substitui. Um sistema que vende, a cada eleição, a esperança de um país melhor, incomparável, perfeito. E a cada nova eleição, mascara problemas não filtrados nos últimos quatro anos de gestão. Afinal, que política sem vigor é essa? A mesma política que aumenta vigorosamente salários de deputados e pena para reajustar os do cidadão trabalhador.
Poeticamente, o grito de Dom Pedro I pela independência – “Independência ou morte” – inspira os pilares do futuro. Somos uma nação noviça, entretanto. O regime democrático ainda tem muito a evoluir. Que país os políticos estão construindo? Nas urnas, que país você está construindo? Neste Dia da Pátria, essas reflexões devem ser endêmicas de cada brasileiro. Lembre-se: o pensamento crítico incendeia a fagulha da mudança. Pela prosperidade, está na hora de repensar o Brasil.
Gabriel Bocorny Guidotti é Bacharel em Direito e estudante de Jornalismo.