O vice-presidente Michel Temer reencontrou nesta segunda-feira, 7, em público a presidente Dilma Rousseff pela primeira vez desde quinta-feira, quando afirmou que a petista não permaneceria no cargo até o fim do mandato se mantiver a popularidade em 7%. A declaração provocou tamanho constrangimento que nem a nota em prol da “união” e do “trabalho”, divulgada anteontem pelo peemedebista, amenizou a desconfiança no Planalto. É com esse espírito que o governo vê o jantar que reunirá hoje o vice, governadores e ministros do PMDB, Eduardo Cunha (RJ) e Renan Calheiros (AL), presidentes da Câmara e do Senado.
No palanque montado para o desfile de Sete de Setembro, Dilma e Temer trocaram beijinhos na chegada e na saída, ficaram lado a lado, mas pouco conversaram. Era visível que ambos não estavam à vontade. Ao fim do desfile, cada um tomou seu rumo. Hoje, presidente e vice e se reencontraram em um compromisso de trabalho: a reunião de coordenação política do governo, no Palácio do Planalto, às 9h.
À noite, Temer receberá no Palácio do Jaburu, sua residência oficial, os seis ministros e os sete governadores do PMDB, além de Cunha e Temer. Oficialmente, o tema será uma extensão da reunião realizada na quinta-feira pelo governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), para formular uma política de consenso dos governadores peemedebistas sobre a crise econômica e seus efeitos sobre os Executivos estaduais. No entanto, é voz corrente dentro do partido que a crise política e a tensa relação entre PT e PMDB será um dos pratos principais do jantar.
Pedido. Um parlamentar próximo a Temer disse que ele está “tranquilo” e que o jantar foi pedido pelos governadores, e não pelo vice. O governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), informou que o jantar servirá para retomar uma agenda de reformas – trabalhista, previdenciária e tributária – que está parada.
No Planalto, a avaliação de que Temer havia dado declarações “desastrosas” sobre a permanência de Dilma no cargo persiste, mesmo após o vice negar conspiração contra a presidente. Em público, os petistas tentam arrefecer a tensão. “O vice-presidente Michel Temer é o maior símbolo dessa união do PT com o PMDB, da construção de um governo de coalizão de muitos partidos”, disse o ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, após o desfile de Sete de Setembro. (AE)