É preciso dois para brigar. Qualquer um deles poderia evitar ou terminar a briga deixando a questão p´ra lá. Pois quando numa briga houver dois combatentes, a situação vai piorar muito. Se uma abertura é feita em uma represa ou em um dique, a água não fica satisfeita com um pequeno fluxo de água, mas rapidamente corrói a abertura e com violência se transforma em uma enxurrada. Da mesma maneira o desentendimento se desenvolve rapidamente.
A sabedoria exige a nossa retirada ao primeiro sinal de conflito. Se permanecermos e trocarmos expressões faciais, palavras ou bofetadas, uma pequena confrontação pode rapidamente se escalonar numa verdadeira briga. Uma resposta insensata é seguida de uma exigência irada, a qual gera uma contradição provocante, levando a uma acusação apressada. Tal conduta não é sábia e muito menos cristã! É fácil enxergar o início de uma disputa, mas quem pode ver e calcular o dano ao terminar?
Nos dias de Salomão, a água era mantida e dirigida através do uso de aterros, diques, represas, valas e aquedutos (IICr 32:1-4,30; Is 22:9-11). Grande parte de Israel era seco; sendo uma sociedade agropecuária, eles dependiam de água. Era conhecimento comum que uma pequena abertura em uma represa ou um dique poderia rapidamente se alargar pelo próprio poder da água, a qual poderia se tornar em uma enxurrada, o que se torna difícil de reduzir ou conter. Uma represa pode ser mais facilmente mantida do que reparada! Para mantê-los intactos, até as menores brechas tinham que ser evitadas.
Conflito e disputa se desenvolvem da mesma maneira – rápida e violenta – em uma verdadeira batalha. Tão logo você sente que a raiva está crescendo ou que um conflito está surgindo, saia fora e não se meta mais com aquela pessoa ou com a questão! Como dizem alguns, “deixe p´ra lá”. Não permita nem o começo de uma briga! Não responda a palavras de briga com outras palavras fortes. Não responda às disputas, a não ser que você responda com palavras suaves e conciliatórias de forma a apaziguar a outra parte e por um fim à contenda.
Se cônjuges aprendessem esta regra, não haveria disputas maritais. Se os membros da igreja aprendessem esta regra, as divisões na congregação teriam um fim. Se irmãos a aprendessem poderíamos corretamente ver o fenômeno que a Bíblia chama de “amor de irmãos” e “bondade de irmãos”! Reinaria a paz com um mínimo da sábia consideração da água que escapa de um aterramento. A sabedoria aqui ensinada é para cada homem se tornar um pacificador, a quem Jesus abençoa (Mt 5:9).
Homens sábios, para sua glória e honra, se desviam da raiva e passam por cima das ofensas (Pv 19:11; Pv 20:3), mas o insensato continuará chafurdando (Pv 20:3). Homens justos sabem que o orgulho alimenta o conflito (Pv 13:10; 21:24; 28:25), eles sabem que a sabedoria não permite que a raiva se desenvolva rapidamente (Pv 14:29; 16:32; 25:8; Ec 7:8-9).
Homens contenciosos agem como se estivessem colocando gasolina numa fogueira (Pv 15:18; 26:21; 29:22), por isso os zombadores deveriam ser lançados fora (Pv 22:10; Gn 21:9-10). Mas os amantes da paz usarão de respostas brandas e desviarão a ira (Pv 15:1). O amor cristão exige uma provocação lenta (ICo 13:4-7).
Davi disse, “Armam ciladas contra mim os que tramam tirar-me a vida; os que me procuram fazer o mal dizem coisas perniciosas e imaginam engano todo o dia. Mas eu, como surdo, não ouço e, qual mudo, não abro a boca. Sou, com efeito, como quem não ouve e em cujos lábios não há réplica.” (Sl 38:12-14). Perfeita sabedoria santa!
Abraão, com graça e sabedoria, resolveu uma disputa sobre terras com Ló, permitindo que ele escolhesse (Gn 13:8-9). E Gideão resolveu outra situação difícil ao gloriosamente pacificar os homens de Efraim (Jz 8:1-3). Mas a falta de sabedoria de Jefté custou muitas vidas (Jz 12:1-6).
No Novo Testamento, duas oportunidades para uma disputa foram pacificamente solucionados pela nomeação de diáconos e o conselho de Jerusalém (At 6:1-7; 15:1-31). Mas Paulo e Barnabé se separaram porque não conseguiram resolver o forte desentendimento entre eles (At 15:36-41). Apesar de irmãos fracos serem admitidos nas igrejas, a eles não lhes deve ser permitido trazer suas disputas duvidosas consigo (Rm 14:1).
O nosso Senhor nos ensinou que devemos virar a outra face quando esbofeteado por outra pessoa, o que completa e aumenta a sabedoria do nosso provérbio (Mt 5:38-42).
E Paulo aplicou a lição do Senhor ensinando-nos a viver pacificamente com todos os homens (Rm 12:18). Até ministros devem rejeitar questionamentos insensatos para evitar conflitos (ITm 1:4; 6:3-5; IITm 2:14-16,23; Tt 3:9) pois inveja e conflito são frutos do inferno e não tem parte alguma na vida de um cristão (Tg 3:14-18).