O Brasil registra cerca de 169 mil acidentes de trânsito em rodovias federais por ano, que custam em média R$ 72,7 mil ao país. Os números são do relatório “Acidentes de Trânsito nas Rodovias Federais Brasileiras: Caracterização, Tendências e Custos para a Sociedade”, divulgado nesta quarta-feira (23) pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada). O estudo foi feito com base em dados da PRF (Polícia Rodoviária Federal).
Em 2014, 23 pessoas morreram por dia em rodovias federais por conta de acidentes. O custo total com mortos, feridos e danos materiais foi de R$ 12 bilhões. A cifra chega a R$ 40 bilhões quando somados aos acidentes em rodovias estaduais e municipais.
“O maior valor estimado é referente à perda de produção das pessoas (43%), ou seja, quanto de renda uma vítima de trânsito deixa de auferir tanto ao longo do período em que esteja afastada das atividades econômicas quanto, no caso de morte, em relação a sua expectativa de vida. Os impactos da perda de produção recaem sobre a previdência social e também sobre a família, em função de seu empobrecimento. O segundo maior custo é o dano veicular, representando cerca de 30% do total, seguido dos custos hospitalares (20%)”, informa.
Variação conforme a gravidade
O custo médio de cada acidente no país varia de acordo com a gravidade. No caso dos acidentes com morte, esse custo médio sobe para R$ 646 mil.
“Esse tipo de acidente respondeu por menos de 5% do total de ocorrências, mas representou cerca de 35% dos custos totais, indicando a necessidade de intensificação das políticas públicas de redução não somente da quantidade dos acidentes, mas também da sua gravidade”, diz o estudo.
Já o custo de um acidente sem feridos cai para R$ 23 mil. Já um acidente com vítima ferida causa um gasto médio de R$ 90 mil.
“Quando se compara os custos por modalidade de transporte envolvida nos acidentes, observa-se que os automóveis respondem pela maior parte dos custos dos acidentes em função da maior frota circulante nas rodovias”, explica.
Para calcular o custo dos acidentes, o Ipea levou em conta que 64,7% dos gastos estavam associados às vítimas dos acidentes, “como cuidados com a saúde e perda de produção devido às lesões ou morte”. Outros 34,7% eram referentes aos veículos, “como danos materiais e perda de cargas, além dos procedimentos de remoção dos veículos acidentados.”
Aumento de acidentes
Nos últimos 10 anos, o Brasil registrou um aumento de 50,3% no número acidentes em rodovias federais, quanto as mortes cresceram 34,5%. Apesar do crescimento absoluto, o taxa de acidentes caiu. Isso porque na última década foi registrado um crescimento de 136% na frota.
“Isso pode indicar o sucesso de medidas de redução de acidentes nas rodovias federais, como a concentração das operações da polícia nos trechos críticos e melhorias da infraestrutura e equipamentos de controle de velocidade”, afirma o estudo.
Em 2014, foram registrados 169 mil acidentes –uma média de 463 por dia. Ao todo, 301 mil veículos se envolveram e 8.227 morreram. Dois em cada três desses acidentes com vítimas fatais são em zonas rurais; já 23% das mortes foram causadas por excesso de velocidade ou ultrapassagem indevida.
Acidentes com motos são mais fatais
A grande preocupação das autoridades está no crescimento no número de motos e acidentes envolvendo-as. “Apesar dos automóveis estarem envolvidos na maior parte dos acidentes nas rodovias, aqueles envolvendo motocicletas são proporcionalmente mais letais. Eles respondem por cerca de 18% do total, mas em termos de mortes, respondem por 30% do total e 40% de todas as lesões graves”, explica.
Das mortes com motocicleta, 44% ocorreram no Nordeste. “Isso é uma proporção muito maior do que a proporção de acidentes com envolvimento de motocicleta naquela região. Isso é preocupante em função de as maiores taxas de crescimento da frota de motocicleta ocorrerem justamente nos estados do Nordeste”, analisa.
O Ipea também faz uma estimativa de mortes em rodovias estaduais e municipais. “Os acidentes de trânsito no Brasil matam cerca de 45 mil pessoas por ano (Datasus) e deixam mais de 160 mil pessoas com lesões graves numa estimativa conservadora”, aponta.
“O quadro se agrava bastante no contexto observado nos últimos anos de aumento vertiginoso da frota de veículos automotores. Mais veículos nas ruas significam mais acidentes em termos absolutos, apesar de que, em relação à frota, os indicadores têm mostrado certa queda, retratando um avanço nos procedimentos de fiscalização por parte da PRF, que intensificou as operações nos trechos mais críticos de acidentes”, conclui o Ipea. Autor:UOL