O PT é um partido histórico no Brasil. Liderou grandes lutas e amealhou milhões de militantes em favor das causas trabalhistas. Quando chegou ao poder em nível nacional, construiu sólidos programas sociais para os menos favorecidos, garantindo condições dignas a quem antes vivia em situação de extrema vulnerabilidade. Essa é a faceta positiva das gestões de Dilma e Lula. Sempre há outras visões a respeito, diametralmente opostas.
Internamente, existe uma certeza: os ‘companheiros’ vivem um período de turbulência. Neste ano, em entrevista ao jornal “O Estado de São Paulo”, Marta Suplicy deixou claro que estava decepcionada com os rumos do partido que ajudou a construir. Disparando palavras incendiárias, a senadora demonstrou sua inconformidade com as diretrizes do atual do governo, dando a entender que Dilma exerce certo grau de autoritarismo quando o assunto é delegar funções – e confiar nas pessoas que foram delegadas.
Insatisfeita, Marta fez algo corriqueiro entre os políticos: mudou de legenda. No último sábado (26), ela acertou sua filiação ao PMDB em evento festivo programado para a sua recepção. A senadora estava exultante e aproveitou a oportunidade para enaltecer o novo partido. Também se colocou à disposição do vice-presidente Michel Temer. “Conte comigo para reunificar os sonhos, o país. Vamos todos unir o país”, disse.
Lembrando que a ex-petista ocupou o cargo de ministra da Cultura (2012 – 2014), pedindo sua demissão em novembro do ano passado. Para 2018, a senadora declarou, na mesma entrevista para o Estadão, que Aloizio Mercadante, atual ministro-chefe da Casa Civil, deve ser o candidato à presidência. Ela chamou-o de o “inimigo”, alguém que costura seus objetivos inescrupulosamente – inclusive para suplantar Lula na corrida pelo Planalto.
Daqui para frente, é provável que a senadora engrosse o caldo de opositores ao Governo Federal no Congresso. A fragmentação do PT acelera a cada acontecimento desse nível, passando também por críticas de correligionários e, quem diria, pelo pedido de impeachment protocolado por Hélio Bicudo, um dos fundadores da legenda. Ademais, a crise política está longe do fim. Dilma terá de demonstrar sangue-frio para, primeiramente, resolver os impasses internos e, após, salvar seu mandato do colapso. Aguardemos os próximos episódios.
Por Gabriel Bocorny Guidotti
Bacharel em Direito e estudante de Jornalismo
Porto Alegre – RS