Rondônia é o 10º Estado mais violento do País, proporcionalmente ao número de habitantes, se consideradas apenas as mortes por agressões sem o uso de armas de fogo. Isso inclui os casos de violência do trânsito, além de outras mais, que entram nas estatísticas apresentadas pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública referente ao ano de 2013. A conta da pesquisa foi fechada e também traz outras realidades curiosas que despontam como anomalias para o setor de segurança pública no Brasil. No que tange à categorização dos crimes, ou faixa etária, o estudo aponta continuidades negativas de ameaças à vida humana. Pessoas com idades acima dos 30 anos são as que mais aparecem nas estatísticas de mortes por agressões, com taxa de 23,2 casos por lote de 100 mil habitantes. Rondônia detém a taxa de 33,8 percentuais nesta categorias, superando a média nacional.
Um dado que faz referência às mortes com uso de armas de fogo, crimes letais, apresenta Rondônia como o 18º Estado mais violento do País. São 63 casos por lote de 100 mil habitantes. Em reportagem publicada no dia 30 de setembro último, o jornal Folha de São Paulo trouxe análise da pesquisa que aponta o número de um (01) assassinato a cada meia hora nas capitais brasileiras. De acordo com o Anuário, o Nordeste continua apresentando a realidade mais crítica com várias cidades ocupando a cabeça do ranking. Oito, das nove capitais nordestinas, ocupam o topo das taxas de homicídios e latrocínios. Fortaleza (CE) lidera o ranking dessa violência.
Entre as capitais brasileiras, Porto Velho é apenas a 20ª, com 30,57 casos por lote de 100 mil habitantes. Os dados fazem referência ao ano de 2014. Vale considerar que houve crescimento dos índices no que diz respeito ao ano de 2013. Neste último, a taxa era de 28,66. Também vale a ressalva que em todo o País o crescimento da violência foi quase unânime em todas essas cidades. “Capitais têm um problema mais agudo, porque são os maiores municípios do País, têm grande adensamento urbano e ao mesmo tempo oferta de serviços públicos longe do ideal para a qualidade de vida”, afirma o vice-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, onde o Anuário da Segurança Pública foi apresentado.
Periferia da cidade violenta
O estudo também mostra que as zonas periféricas das cidades são as hospedeiras da violência. E isso, de acordo com análise do sociólogo Renato Sérgio, em função do distanciamento natural a que estes são lançados no que diz respeito aos parâmetros da lei. “A pessoa sabe que, se vive num terreno invadido ou com um bar ilegal e tem um conflito, não pode chamar a polícia porque será preso. A situação será resolvida entre as partes e muitas vezes isso decai para os extremos, que são as agressões letais”, explica.
As mortes por agressões, por faixa etária, blocos de 100 mil habitantes, ainda incluem o público jovem entre as vítimas mais numerosas. De acordo com o estudo, os menores de 15 anos significam 2,2; de 15 a 24 anos são 58,1; de 25 a 29 anos são 49,9; a partir dos 30 anos são 23,2. Em Rondônia, respectivamente, são: 1,9; 39,2; 54,7; e 33,8.
Investimentos com a segurança crescem
Os investimentos destinados para ao setor de Segurança Pública, para o combate à violência contra a vida, sofreram aumento considerável nos últimos anos. Porém, os efeitos, na opinião de especialistas no assunto, não foram totalmente satisfatórios. Em Rondônia, no ano de 2012, os gastos com o policiamento superaram os R$ 537 milhões. Durante o ano de 2013 o montante superou a casa dos R$ 564 milhões. A defesa civil, anos de 2012 e 2013, recebeu investimentos respectivos de R$ 52,9 milhões e R$ 64,3 milhões. Já no tópico informação e inteligência, os gastos públicos não puderam ser catalogados.
Um fator negativo, no que se refere à luta contra a violência à vida através de investimentos no setor de segurança, diz respeito aos crescimentos dos gastos que, tecnicamente, ficaram inalterados desde o ano de 2007. O percentual de 12,9, no ano citado, praticamente se manteve em 2008, 2009, 2010, 2011, 2012 e 2013.
Do Diário da Amazônia