sexta-feira, 9 maio, 2025
No Result
View All Result
Folha Nobre
  • Todas Notícias
  • Rondônia
  • PodCast
  • Expediente
Folha Nobre
No Result
View All Result
Folha Nobre
No Result
View All Result

Eduardo Cunha, Lava-Jato e a desmoralização do Congresso

24/10/2015
in Artigos

Enquanto o governo continua acuado por baixa popularidade e pela infidelidade de sua base parlamentar, o Legislativo, que goza de prestígio ainda pior junto aos cidadãos brasileiros dá demonstrações sucessivas e extravagantes de corporativismo e desprezo à nação. O exemplo mais claro, mas não único, é o do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que desfruta de um poder de influência absolutamente desproporcional a um suspeito de corrupção da Petrobras cuja rota de malfeitos está sendo cada vez mais mapeada por depoimentos e documentos da polícia suíça.

Grande parte das dificuldades que vieram a assolar a presidente Dilma Rousseff desde o início de seu segundo mandato tem em Cunha o principal artífice – a outra parte se deve ao absoluto amadorismo da coordenação política do Planalto. Arregimentador bem sucedido do baixo clero, o deputado fluminense soube aproveitar as circunstâncias desfavoráveis ao PT para construir um poder dentro da Câmara, com o qual ainda conta para garantir sua permanência. Um de seus últimos truques é convocar sessões extraordinárias da Casa para que seja adiado o exame do pedido de cassação feito pelo PSOL e outros seis partidos, com a adesão de 36 deputados do PT.

Cunha sabe que sua carreira política está perto do fim e luta para manter o mandato para escapar à prisão. Ele está encurralado entre governo e oposição e sem liberdade de movimentos. Ao PSDB e DEM, Cunha foi direto como sempre ao dizer que assim que tiver encaminhado o pedido de impeachment, a oposição entregaria sua cabeça. Um acordo com o governo para barrar pedidos de impeachment pode lhe dar um pouco mais de esperanças, mas não certezas. Passado o risco de impedimento da presidente, se tornaria um inimigo inerme e descartável.

Esse deplorável jogo político, ao vivo e em cores, é de uma crueza incomum. Não é a corrupção que está em questão, mas o poder. Não há sequer indícios de suspeitas sobre a presidente Dilma Rousseff na Lava-Jato, enquanto que há contas na Suíça com milhões de dólares, com números e assinatura de Eduardo Cunha. A oposição, que nas votações do ajuste fiscal se aliou a Cunha para desgastar o governo, adula-o ainda, mesmo quando os indícios de prática de corrupção pelo deputado são tão grandes que logo deixarão o campo das suspeitas.

O governo e o PT não se saem melhor na história. O PT, que fora do poder foi o campeão da moralidade, poupa Cunha da mesma forma que a oposição, ignorando seu passado e seu presente. Há tempos mandou às favas os escrúpulos, e teme que as coisas possam piorar, tanto por ações de Cunha como da Lava-Jato. Com pouco mais de desprendimento e coordenação, o governo poderia enfrentar a arma do impeachment de Cunha e derrotá-lo no voto, especialmente agora.

Cunha armou seu poder em órgãos vitais na Câmara. No comando do Conselho de Ética e na relatoria da Comissão de Orçamento têm aliados às voltas com a Lava-Jato. Instalou a CPI da Petrobras para chantagear o governo e ela se revelou um espetáculo desastroso de desmoralização política generalizada, a começar pela do próprio Cunha, que mentiu em depoimento.

A CPI da Petrobras mostrou que não se perseguia o interesse público. Entre seus integrantes havia á uma dúzia de parlamentares na mira da Lava-Jato, o que, desde o início, predeterminava seus resultados nulos. Mas o desfecho foi além da pantomima. O relator, o petista Luiz Sergio (RJ), indicando o quão baixo caiu seu partido, concluiu que o problema estava na delação premiada e conclamou os deputados a mudar a lei – não propôs o indiciamento de ninguém.

O PSDB fez sua versão quase completa: pediu indiciamento de Dilma, do ex-presidente Lula e da meia centena de políticos investigados pela Lava-Jato – o único tucano incluído é o falecido Sérgio Guerra e dela não consta o senador Aloysio Nunes Ferreira.

Nesse ambiente, todos os projetos que afetam a economia e os interesses públicos são tratados como moeda de troca ou objeto de chantagem. A Lava-Jato revolveu os fundamentos da má política e não se sabe o que daí resultará. Recobrar a capacidade de trabalhar com o Legislativo exige do governo não acordos escusos por baixo do pano e sim faxina, com a expulsão do Congresso dos que têm contas a prestar à Justiça.

Do Valor Econômico

Compartilhe isso:

  • WhatsApp
  • Imprimir
  • Tweet
  • Telegram
  • Threads
Tags: cassaçãocongressocorrupçãoEduardo CunhaLava JatoPMDBPTqueda

Podcast

Folha Nobre - Desde 2013 - ©

Welcome Back!

Login to your account below

Forgotten Password?

Retrieve your password

Please enter your username or email address to reset your password.

Log In

Add New Playlist

No Result
View All Result
  • Todas Notícias
  • Rondônia
  • PodCast
  • Expediente

Folha Nobre - Desde 2013 - ©

Este site usa cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso de cookies. Visite a página Política de Privacidade.