Já ouvi de diferentes profissionais ligados à área da saúde mental: todas as pessoas carregam em seu íntimo um sofrimento latente, uma depressão, mínima que seja. O vazio individual robustece o vazio coletivo. Na medida em que os anos passam, evoluem também nossas ambições, pois é da vida buscar novas experiências e verdades. Ainda que nos esforcemos, não há, para um ser pensante, existência sem propósito.
Alguns constroem seu propósito no acúmulo de bens. Vendem a alma por ouro e diamantes. Seus castelos de riqueza e poder permanecem ecoando do passado até centenas de anos no futuro. Outros, menos ambiciosos, se contentam com uma vida simples. A estes não importam o que se tem, mas como se está. Cada indivíduo sabe o que lhe arranca o sorriso na face. A maioria não percebe, entretanto, o fundamento que nos leva a estar aqui. O conhecimento.
Existe um modo correto de conduzir a vida? Houve quem tentasse orientar seus seguidores pelo ‘bom’ caminho. Que caminho é bom? Quem disse que pisar à direita ou à esquerda define nosso caráter ou nossas intenções? A religião pratica a salvação, mas que salvação haverá para alguém que não consegue obter as próprias respostas? Um destino escrito por Deus seria leviano. Mesmo o Todo-Poderoso sabe que a história é contada pelo livre arbítrio. Cabe a nós, em sociedade, julgar o bem e o mal.
Imperadores e reis tentaram se colocar acima dos demais. Sempre haverá imperadores e reis. Homens simplórios, dotados do dom da palavra, refletiram sua imagem na eternidade. A memória deles está guardada nos pilares da mente. O triunfo da razão, nosso suposto aliado, nos atribuiu uma imensa responsabilidade, qual seja, doutrinar a morte e descobrir o valor da vida. Sem respostas plausíveis, permanecemos tentando. Com um mínimo de depressão, mas permanecemos.
O vazio é tangente, pois pensamos demais, desejamos demais. Somos inquietos. E a única forma de preencher um propósito está em encontrar cada um de nós. As pessoas são as únicas constantes nesse universo de variáveis. Talvez esteja aí a resposta suprema, a maior descoberta de nossa raça. Tudo é passageiro, exceto este exato momento. O passado está escrito. O futuro está em construção. O poder do agora constitui nosso grande trunfo. Jamais se esqueça disso.
Por Gabriel Bocorny Guidotti
Bacharel em Direito e estudante de Jornalismo
Porto Alegre – RS