Stephen Hawking, um dos maiores cientistas da história da humanidade, começou cético em sua carreira. Entre milhares de equações matemáticas, ele acreditava, piamente, que conseguiria obter todas as respostas do universo por meio de um único cálculo. O que ele não considerou em suas pesquisas, entretanto, foi a possibilidade de existir uma equação divina, que justificasse tudo. Uma tecnologia poderosa e sustentável. Uma arte bela e equilibrada. Deus.
Somos formados por bilhões de células. Estamos dentro de um planeta com bilhões de pessoas. Nosso universo é composto por bilhões de galáxias. Cada galáxia possui bilhões de corpos celestes. É um desatino achar que tamanha complexidade poderia caber em uma lousa de laboratório. Tanto que Hawking, na medida da evolução de seus estudos, mudou de opinião. Tudo é tão perfeito que só poderia ser obra de uma entidade superior. Ele concluiu que, nos primórdios do triunfo da razão, deve haver algo ou alguém muito especial montando esse quebra-cabeça.
A planta cresce em regiões inóspitas, um montinho de areia, por exemplo. Recém-nascidos, após inúmeras quedas, dão os primeiros passos. A sustentabilidade da natureza é incomparável. Somos um produto de milhões de tentativas, ao longo dos anos, para que a vida ganhasse forma e encontrasse seu caminho. A arte das gerações sobressaiu-se em meio a diversas extinções vivenciadas pelo planeta. Nós decidimos nosso destino: a vez dos humanos chegou.
Ainda não compreendemos os maiores segredos do universo, mas chegaremos lá. Demorou muito tempo o Artista criar o design dos mundos: as vidas, as formas, o equilíbrio. Hoje, a espécie dominante neste pálido planetinha azul anseia copiar seu Criador. O homem tornou-se, igualmente, um artista da engenharia, da matemática, da física. A sede por conhecimento constitui uma ameaça, todavia. Entre cores alegres e sombrias, sorrisos e bombas, somos capazes de forjar guerra e paz num piscar de olhos.
A vida é um palco de sons e sensações. Nada disso é por acaso. A paleta divina pincelou cada detalhe, em cada canto. O ser humano reza pedindo auxílio e proteção. Busca ajuda naquilo que não compreende. O compreensível, por sua vez, não se quer compreender. Com carinho e devoção, o quadro ficou pronto. Não há quem consiga protegê-lo de nós mesmos.
Por Gabriel Bocorny Guidotti
Bacharel em Direito e estudante de Jornalismo
Porto Alegre – RS