GUSTAVO URIBE – BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, avaliou nesta quinta-feira (5) que a greve dos caminhoneiros programada para a próxima segunda-feira (9) tem sido motivada por grupos independentes com um “viés político muito forte”. Preocupado com o impacto da paralisação no abastecimento de produtos no país e no agravamento do quadro de recessão econômica, o governo federal tem monitorado a movimentação dos grevistas e aberto canal de diálogo com líderes do movimento para tentar evitá-la. “A maior parte dos sindicatos é contra a greve e nós vemos nisso um movimento que efetivamente tem viés político muito forte. Nós estamos acompanhando a movimentação dentro daquilo que costumamos fazer”, disse o ministro.
O tema foi objeto de discussão em reunião, na terça-feira (3) em Brasília, da presidente Dilma Rousseff com ministros e líderes do governo no Congresso Nacional. A mais recente manifestação do caminhoneiros ocorreu em abril deste ano e durou cinco dias, gerando bloqueios em estradas e prejudicando o abastecimento em algumas cidades.
Na ocasião, o movimento perdeu força após o governo prometer intermediar a negociação, com o setor contratante, de uma tabela referencial de preços do frete. Desta vez, a ordem da presidente é monitorar os movimentos para que nenhuma paralisação desse tipo pegue o governo de surpresa.
No final de outubro, o Comando Nacional do Transporte, grupo de caminhoneiros que se declara independente de sindicatos, divulgou nota em seus perfis nas redes sociais prometendo greve geral para o dia 9.
Segundo o comunicado, os principais movimentos que pedem o impeachment da presidente Dilma Rousseff, como o Vem Pra Rua, o Revoltados Online e o MBL (Movimento Brasil Livre), apoiam a paralisação da classe. Esse apoio é outra preocupação do Planalto, porque pode gerar uma agenda política negativa no momento em que perdeu força, dentro do Congresso, a estratégia da oposição para tentar abrir um processo de impedimento contra a presidente.
O grupo de caminhoneiros reivindica desde o início do ano a redução do preço do óleo diesel, a criação do frete mínimo, salário unificado em todo o país e a liberação de crédito com juros subsidiados no valor de R$ 50 mil para transportadores autônomos. Querem também ajuda federal para refinanciamento de dívidas de compra de seus veículos. A página do Facebook do Comando Nacional do Transporte conta hoje com cerca de 25,5 mil seguidores.