O É Notícia viajou até Brasília para entrevistar o senador do PMDB de Roraima, Romero Jucá. Um dos principais articuladores do empresariado no Congresso, o político avalia que o país vive, sim, uma crise econômica grave que, segundo ele, é menos importante que a crise política: “Nós começamos o ano com uma crise econômica. O Governo transformou isso em uma grande crise econômica e política“. Ainda sobre o assunto, Jucá é categórico ao afirmar que “estamos nos afogando numa bacia d’água, o Brasil só precisa se levantar. […] O governo está dançando no precipício”, diz.
Romero Jucá, que foi líder no Senado do primeiro ano do governo de Dilma Rousseff, acredita que a crise atual foi construída ainda no primeiro mandato. “No primeiro ano do governo Dilma ela começou a perder a mão da economia”, pondera Jucá, que ainda usa tal argumento para justificar seu voto em Aécio Neves nas eleições presidenciais de 2014.
Questionado sobre a participação do PMDB nos problemas governamentais, o senador afirma que “o PMDB não participa das decisões de Governo” e, sobre uma possível participação efetiva no governo, ele considera “que é tarde, mas nós [do partido] gostaríamos de ajudar.”
Voltando ao quesito econômico, o peemedebista revela que considera inviável a recriação da CPMF. “Nós jantamos com o ministro Levy e dissemos muito claramente: aumento de impostos simplesmente é muito difícil de ser aprovado pelo Congresso”.
Sobre a permanência de Joaquim Levy à frente do ministério da Fazenda, que vem sofrendo uma espécie de ‘bombardeio’ nas últimas semanas, Jucá diz que ele é um “bom técnico” e frisa que a questão econômica não está restrita à pasta. “O problema não é o Levy. A questão é o Governo […] É a presidente Dilma e o núcleo do PT no Governo”, dispara.
O senador da República também aborda as propostas apresentadas pelo PMDB, a chamada “Ponte para o Futuro”. Para o político, “o Estado deve focar nas prioridades: saúde, educação e segurança.”
Uma das ideias centrais defendidas pelo partido são as desvinculações constitucionais, como os gastos obrigatórios. Entretanto, o senador nega que isso signifique gastar menos em áreas sociais e acrescenta que a questão abre a possibilidade de exceções para contemplar, por exemplo, o Plano Nacional de Educação, que prevê gasto obrigatório de 10% do PIB em dez anos. “Você pode ter vinculações provisórias. O que não pode é um engessamento com base numa realidade de 20 anos atrás”, afirma.
A respeito da desindexação do salário mínimo, Jucá nega que a intenção seja rever a política de valorização. “Nós defendemos o fortalecimento do salário mínimo. […] O que aconteceu é que outros setores começaram a se indexar ao salário mínimo. Você não pode dizer que o aluguel vai custar três salários mínimos. Isso acaba barrando a expansão do salário mínimo”, declara. Perguntado sobre como os reajustes devem ser calculados, Jucá sugere a fórmula atual. Já sobre os gastos sociais, Jucá defende que programas como o Bolsa Família tenham “porta de saída” e que a base de famílias diminua com o passar dos anos.
A respeito da permanência do PMDB no Governo, o entrevistado diz que o partido deve decidir até março se mantém os cargos, mas pondera que é praticamente consenso no partido que o PMDB não estará ao lado do PT em 2018.
Jucá culpa o PT pela crise que põe em risco a permanência de Dilma no Governo. “Se há conspiração, é do PT. Nós estamos votando as medidas para ajudar o país”, diz. O senador faz uma análise dura sobre o futuro de Dilma. “Seis meses atrás eu dei uma entrevista ao Valor e disse: ‘o Governo tem que dar um cavalo de pau.’ Três meses depois eu disse em uma entrevista de página inteira na Folha: ‘ou o Governo muda ou o povo muda o Governo.’ E o Governo tenta mudar, mas não consegue. […] “O que pode tirar a presidente Dilma não é uma questão técnica [pedaladas ou crime eleitoral], é uma crise econômica e social grave”, lembra. “Impeachment é processo político. O presidente Collor foi absolvido no Supremo. O governo está ‘dançando no precipício’ “, completa.
O programa É Notícia com o senador Romero Jucá vai ao ar na madrugada desta terça-feira (17), à 00h30, na RedeTV!.
Crédito/ Foto: Fernanda Simão/ Divulgação RedeTV!