Rondônia foi uma mãe para a ditadura militar: batizou este município pujante e produtivo com o nome do general Emílio Garrastazu Médici, em cujo governo a repressão atingiu seu ponto máximo
Por.: Willian Luiz
Presidente Médici/RO – Presidente Médici, o município, não o general, é uma cidade pacata, com pouco mais de 1.700 km², população trabalhadora e importantíssima para o desenvolvimento do Estado de Rondônia.
Aqui, apesar de interior, sem toda aquela cobertura das autoridades e até mesmo da grande imprensa, as relações com a liberdade de expressão têm se expandido.
As pessoas descobriram recentemente que têm voz, que podem falar, se manifestar, exigir, cobrar e, principalmente, não ter medo.
Porque o medo era a marca do regime militar, principalmente durante a presidência de Emílio Garrastazu, que batizou nossa pequena e longínqua terra rondoniense com seu último nome.
Não sou eu que estou dizendo, mas sim a maioria dos historiadores. Foi durante o governo Médici que a ditadura atingiu o auge da repressão em todos seus 21 anos de vigência no País.
Por que dizer tudo isso? Porque o site de notícias Estado Central, que abriu um caminho direto de comunicação entre a sociedade e o poder público, sem levantar bandeiras partidárias ou ideologias estapafúrdias, tem sido alvo de ataques meticulosos por parte de dois vereadores do município.
Essas ofensivas não têm o condão de oferecer críticas ao conteúdo apresentado pelo jornal online – que sempre as recebeu –, mas sim de repeli-lo, expurgá-lo, para que deixe, de uma vez por todas, de exercer sua função: informar.
Eu, Willian Luiz, editor-chefe do site de notícias, estou sendo execrado pelos dois edis (um em sessão da Câmara, Alfredo do Hospital – PSD e outro durante sessão e também em entrevistas à imprensa, Sargento Rui – PMDB) porque, em determinado momento da história desta cidade, alguém resolveu bater o pé, dizer chega, oferecendo um meio eficaz para que os cidadãos pudessem se manifestar.
O mote da força-tarefa, dois parlamentares inconformados, é colocar a honestidade do meu trabalho em xeque, pois, além do site, que é um empreendimento particular, sou assessor de imprensa da Prefeitura. Isso quer dizer que presto serviços produzindo informações para o Município de Presidente Médici, para o Poder Executivo, e não para grupos políticos.
Fosse assim, como já realizei inúmeros serviços para a Câmara Municipal, a desconfiança também poderia recair sobre os vereadores. Mas é óbvio que, assim como toda autoridade, uma informação só serve se alinhada com interesses particulares, tradicionalmente recheada de elogios e nenhuma crítica.
Com ácido escorrendo pelos caninos, o ex-policial militar (ele parece não ter se dado conta que não é mais policial, mas discursa como se fosse e cobra da sociedade os serviços prestados como se não tivesse recebido por isso) Sargento Rubi já avisou ao menos duas vezes no rádio que estão me investigando (investigando o meu site, o que dá no mesmo), tentando descobrir se atualizo o Estado Central enquanto desempenho a função pública durante o expediente na prefeitura.
Posso adiantar a resposta, poupando gasto de tempo e energia: não me meçam pela suas réguas, vossas excelências. A minha vida está em aberto. Este relato, falando sobre minúcias do meu labor público e particular, é prova disso. Desde a eleição indireta de Tancredo Neves em 1985, que pôs fim à ditatura, que não temo mais pela minha vida ou nenhum tipo de retaliação. E não porque não possa ocorrer, porque exemplos observamos todos os dias, mas sim porque hoje a democracia dá liberdades, mas também impõe sanções pesadíssimas a quem comete crimes, seja um cidadão comum, um militar ou até mesmo um político.
Esses dois políticos na Câmara Municipal ainda não se acostumaram com essa liberdade democrática: não compreendem que o Brasil avançou e que as pessoas não só podem como devem se manifestar sempre que houver necessidade.
Médici morreu, a ditadura militar também e o Destacamento de Operações Internas – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) não existe mais. Os tempos são outros, de tolerância, respeito, de contraditório e ampla defesa. Quem não consegue conviver com isso, que deixe a pátria ou batize o filho com nome de general.
O Estado Central deixa as portas abertas para que todos possam falar ou rebater, como inclusive já fora ofertado diversas vezes aos vereadores em questão.
Ouça áudio do vereador Rui