Artigo, por José Aníbal – Com água (suja, diga-se) chegando ao pescoço, Lula entrou em campo para o que for. Fez mudanças no governo, aumentando a tutela sobre Dilma. Agora, opera para evitar a ida do amiguinho Bumlai à CPI do BNDES. É o mais forte indicativo de que Bumlai pode comprometê-lo pelos favores expropriatórios que ele concedeu ao “compadre”, com dinheiro público. Uma espécie de batom na cueca (de Lula). Também é notória sua atuação para colocar Henrique Meirelles no lugar de Joaquim Levy. Com amplos poderes, Meirelles representará a total sujeição de Dilma ao vale-tudo de Lula com a intenção de manter a sangria que impõe aos brasileiros.
Para carimbar a possibilidade do impeachment como golpe, Lula conseguiu uma declaração de outro apadrinhado seu, nada menos que o presidente do STF. Inacreditável que um ministro do Supremo, exercendo a presidência da Corte, entre na arena das disputas políticas como uma espécie de cabo eleitoral. Na contramão do que pensam e vivem todos os brasileiros, Lewandowski se superou dizendo que “há uma crise, a meu ver artificial”. No castelo que vive o presidente do STF, o Brasil deve ser apenas um acidente geográfico. Que isenção terá o ministro em qualquer julgamento que venha a ocorrer sobre os malfeitos deste governo e o de Lula? Apesar do seu presidente, o colegiado do Supremo, por unanimidade e em sintonia com o desejo da sociedade, votou contra o dispositivo para “doações ocultas” que tinha sido aprovado no Congresso.
Aqui chegamos ao ponto. Os brasileiros estão sofrendo com uma realidade cada dia mais adversa: desemprego, inadimplência, falências, diminuição de renda, desesperança. Quem devia governar não o faz. Mas o tutor não tem pudor algum. Ao invés de buscar algum entendimento para sair da crise, acentua suas práticas transgressoras para manter um poder que só tem uma serventia: continuar com as predações, agora em ritmo de fim de feira, que praticam desde 2003. É a logística reversa e perversa do lulopetismo: se aos olhos da nação não temos mais mérito, vamos, cinicamente, partir para o vale-tudo contando com a imobilidade desse povão do Brasil. Por quanto tempo mais vão poder contar com a insegurança, o medo e a exasperação da sociedade?
Ao conjunto de indicações cotidianas sobre o agravamento da crise vemos que as expectativas para 2016 são assustadoras: pode ser igual ou pior do que o ano que termina. No desastre acabado da crise em que Dilma mergulhou o setor elétrico, o astucioso ministro de Minas e Energia nos acena com mais uma expropriação na conta de luz. Diz ele que as indenizações de 20 bilhões de reais às empresas de transmissão, causadas pela MP da ruína (579, set.2012), serão pagas pelo aumento das contas de luz a partir de 2019 ou 2020! Este governo é isto: destrói o presente e vai devastando o futuro.
A cobrança às oposições por alternativas é frequente. O senador José Serra respondeu esta semana de forma singela e objetiva: “O Brasil precisa de um governo novo”. Serra disse também que Dilma não tem condições de promover uma união nacional, recuperar a credibilidade e iniciar um ciclo virtuoso. Como disse um cientista político, mais que a dominância fiscal, vivemos a dominância política. Com Dilma não dá. A cada dia, tudo vai se agravar e mais se comprometerá o futuro. A ideia de golpe nada mais é que uma esperta dissimulação do ardente e insano desejo de Dilma, Lula e do PT de continuar nos golpeando.
(*) José Aníbal é presidente nacional do Instituto Teotônio Vilela e senador suplente pelo PSDB-SP. Foi deputado federal e presidente nacional do PSDB. (foto: Alexssandro Loyola)