Artigo, por Gabriel Bocorny Guidotti – Qualificação do ensino superior: uma bandeira nacional para que acadêmicos não deixem a desejar no mercado de trabalho. Aliás, o fato de concluírem seus respectivos cursos deveria ratificar a condição em desempenhar satisfatoriamente suas áreas de expertise, num modelo amplo de produção do conhecimento. Os testes sobre essas competências, contudo, são incipientes. A amostragem chama-se Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade).
O Enade é usado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacional (Inep) – vinculado ao Ministério da Educação – para compor índices que medem a qualidade de cursos e instituições de ensino superior. A partir dos resultados aferidos, o Instituto encontra subsídios para projetar a melhoria do ensino. Lembrando que, no histórico escolar do graduando, fica inscrita somente a situação regular em relação a essa obrigação, comprovada por sua efetiva participação ou, quando for o caso, por motivos de dispensa oficial.
Ademais, o Enade é um termômetro razoável, apenas isso. Uma prova aplicada periodicamente, para ingressantes ou concluintes, que engloba conteúdos programáticos das mais diferentes ciências. No próximo domingo, acontecerá uma nova edição do teste, em todo o país. Eu participarei dela, representando o curso de jornalismo de minha universidade. Pretendo fazer o melhor, ciente, entretanto, que a qualidade do ensino necessitaria um método mais abrangente.
Em relação ao ensino superior, há duas querelas que dificultam o processo educacional. A primeira é o método dos professores. Há docentes que ainda demoram a entender o que é esta é geração Y, a geração da internet. O alunato não consiste mais em uma audiência passiva, que aguarda o mestre expor seus conhecimentos no quadro negro. São indivíduos inquietos por natureza, impermeáveis a conteúdos monótonos. A abordagem das antigas escolas, nos moldes aula-palestra, portanto, não mais encontra receptividade. É preciso investir na interatividade.
A nota do Enade representa um fragmento do que discentes aprendem na universidade. Revela o empenho individual do estudante, não o contexto de turmas inteiras. Para avaliar sem margem de dúvidas, equipes do Ministério da Educação deveriam fiscalizar as instituições de ensino dentro de suas particularidades – com o rigor necessário. E por critérios técnico-pedagógicos, não exclusivamente teóricos. Métodos de aula, por exemplo, não entram na esfera da avaliação da prova. Entra apenas a presunção de que, obtidos resultados ruins, tais métodos não são satisfatórios. Essa é a realidade.
Gabriel Bocorny Guidotti
Bacharel em Direito e estudante de Jornalismo
Porto Alegre – RS