Trabalhador, educado e religioso. Em um estado como o Mato Grosso do Sul, onde Luan Santana nasceu e foi criado, esses são os mais valiosos atributos de um homem de família – ou, no caso dele, de um rapaz de família. Luan, aliás, tem as três qualidades. “Só não vou mais à igreja simplesmente porque não tenho tempo. Devo a Deus e a Nossa Senhora Aparecida tudo o que aconteceu e vem acontecendo de bom comigo”, diz, quase em uma prece.
Mas as características que tornaram esse jovem de 24 anos um dos mais famosos e ricos cantores do Brasil passam longe do bom-mocismo. Luan Santana é exigente, vaidoso e impetuoso. O contraponto fica por conta da humildade. “Em nenhum momento me esqueci de onde vim e o que vivi para chegar até aqui”, afirma, se referindo à infância simples em Jaraguari, cidadezinha no interior do estado – “subindo em árvores e jogando bola na terra” – e aos muitos perrengues do começo da carreira – “já dormi dentro da van porque não tinha condições de pagar hotel”.
Nas alturas
Luan Rafael Domingos Santana canta e toca violão desde criança, mas só começou a levar a coisa a sério aos 14 anos, quando um amigo colocou uma de suas músicas na internet sem ele saber. “Gravei ‘Falando Sério’ em uma festa que a gente organizou em Jaraguari para umas 30 pessoas, mas não gostei do resultado, quebrei o disco e joguei no lixo. Só que esse meu amigo pegou uma cópia, colocou no YouTube e a música bombou”, lembra. “Quando vi, as pessoas estavam ligando, querendo me contratar para shows, só que eu não tinha banda, estrutura, nada.” Mesmo assim, ele foi. “Lembro que no dia do meu primeiro show (em Bela Vista, MS), estava indo almoçar e umas meninas me viram e começaram a chorar, a tremer, como se eu fosse de outro planeta! Eu não sabia o que fazer, não sabia se abraçava, só falava: ‘Calma, gente’”, conta, rindo.
Apesar do assédio até então inédito em sua vida, não foi nesse momento que a ficha caiu, mas sim quando gravou seu primeiro DVD, em 2009, em Campo Grande, pela Som Livre, que viu o potencial do rapaz depois do sucesso estratosférico da música “Meteoro”. “Eu estava acostumado a fazer show para no máximo 200 pessoas. Quando abri o olho e vi 85 mil na minha frente, pensei: “Caramba, ferrou!”.
Daí para frente os números explodiram. Luan já vendeu 4 milhões de discos em todo o Brasil, faz entre 16 e 18 shows por mês – “cheguei a fazer 28, quase um por dia, mas hoje me dou ao luxo de trabalhar menos” –, quase 15 milhões de pessoas seguem sua fanpage no Facebook e o videoclipe do último hit, “Escreve Aí”, foi visto mais de 80 milhões de vezes no YouTube. Território brasileiro dominado, por que não alçar novos voos? “Sempre quis tentar uma carreira internacional e chegou a hora. Acho que o próximo passo é o México… Se não der certo, a gente volta pra trás depois (risos). Vamos arriscar!”, diz, confiante. A sorte foi lançada no ano passado, quando Luan fez uma versão em português da música “Bailando”, do cantor espanhol Enrique Iglesias, que ganhou até videoclipe. Vale dizer que o clipe original já foi visto mais de 1 bilhão de vezes – sim, você leu certo: 1 bilhão.
De ídolo a vizinho
Há pouco mais de dois anos, os pais e a irmã de Luan Santana se mudaram de Londrina, no Paraná, para São Paulo, onde compraram uma casa em um condomínio de alto padrão nos arredores da capital paulista. “Foi pra poder ficar mais perto dele”, contou a mãe, Marizete, que, aliás, acompanhou a sessão de fotos deste ensaio – ela não só deu pitaco na produção como ajudou o filho a calçar as meias. “É minha mãe quem cuida das minhas roupas”, explica Luan. Já o pai, Amarildo, cuida dos investimentos – imóveis, basicamente – e comanda o escritório de São Paulo, o LS Music, que também tem sede em Londrina, no Paraná, e soma cerca de 100 funcionários direta e indiretamente. “E minha irmã Bruna cuida da nossa editora musical.” Ou seja, tudo em família.
Em São Paulo, Luan tem um vizinho que nunca imaginou que pudesse ter: o cantor Zezé, da dupla sertaneja Zezé Di Camargo & Luciano. “Esses dias foi aniversário dele, fizemos uma festa-surpresa lá em casa com bolo, parabéns, a galera toda junta”, conta. “O Zezé sempre foi meu maior ídolo e hoje vejo ele saindo da garagem”, ri. Luan também nunca imaginou que pudesse ter um jatinho Cessna Citation V particular e uma Ferrari – “o único presente que me dei”. Mas nada disso o deslumbra e, quando sente que está se esquecendo de suas origens e o que passou para chegar aonde chegou, ele vai pescar. “Quando a gente está em contato com a natureza consegue ouvir o que tem dentro. E por viver nessa loucura de shows, às vezes preciso ir pro meio do mato e ficar só comigo. É muita gritaria!”, ri.
Fonte: UOL