Um mês após a Polícia Federal desocupar o garimpo ilegal na Serra do Caldeirão, em Pontes e Lacerda, região de fronteira com a Bolívia, o ritmo de escavações em busca de ouro raso já está novamente intenso. Cerca de mil homens voltaram a construir túneis arriscados, usando equipamentos rústicos como pás, cordas, lanternas e detectores de metais.
Cerca de mil homens voltaram a construir túneis arriscados, usando equipamentos rústicos como pás, cordas, lanternas e detectores de metais.
Em entrevista, o prefeito de Pontes e Lacerda, Donizete Barbosa do Nascimento (PSDB), afirmou que muitos dos que foram embora, mediante a Operação Terra do Nunca, desencadeada dia 10 de novembro deste ano, “estão voltando”.
À reportagem o prefeito se mostrou preocupado e ressaltou o aumento da violência na cidade. A gente não sabe onde isso vai dar”, comenta o gestor municipal, que está impedido de entrar no garimpo, assim como outras autoridades e a imprensa. “Semana passada houve uma série de assaltos à mão armada às residências da cidade. Então, há impactos de violência na área urbana”, destaca.
Outro problema que preocupa é a prostituição que áreas de garimpo geralmente fomentam, inclusive de menores de 18 anos.
Donizete, assim como a imprensa está proibido de acessar a Serra do Caldeirão.
À reportagem o prefeito se mostrou preocupado e ressaltou o aumento da violência na cidade. A gente não sabe onde isso vai dar”, comenta
AÇÃO POLICIAL
O prefeito afirma que a PF nunca saiu da cidade. “Mesmo à paisana eles estão aqui e sabem do que está ocorrendo”.
A Polícia Federal confirmou ao que realmente tem conhecimento do retorno dos garimpeiros. O delegado Jesse James, que conduz inquérito do caso, informou, por meio da Assessoria de Imprensa, que aguarda decisão judicial, para fazer uma segunda retirada.
A PF também informou que uma autorização deve ser dada dentro da ação inicial, proposta pelo Ministério Público Federal (MPF), que ainda está em trâmite no Judiciário em Cáceres.
A FEBRE DO OURO
No auge da invasão do local, o garimpo ilegal chegou a reunir mais de 5 mil “aventureiros”, formaram uma vila à margem da Serra.
Outro problema que preocupa é a prostituição que áreas de garimpo geralmente fomentam, inclusive de menores de 18 anos.
Oito dias após a Operação Terra do Nunca, a PF prendeu líderes do garimpo, entre eles policiais, que insistiam em ficar na área, e informou que eles agiam armados, controlando a extração. Estas lideranças respondem criminalmente por constrangimento ilegal, ameaça, atentado contra outro meio de transporte, incitação ao crime, apologia de crime ou criminoso e associação criminosa.
A área chegou a ser implodida pela PF para evitar o retorno dos aventureiros.
IMPLOSÃO
O prefeito afirma que a PF nunca saiu da cidade. “Mesmo à paisana eles estão aqui e sabem do que está ocorrendo”.
A Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) alertou na ocasião que uma implosão seria um risco de contaminação do ar, devido ao uso de mercúrio para extrair o ouro e o mercúrio é prejudicial à saúde humana. O laudo das amostradas colhidas no dia da implosão ainda não ficou pronto, de acordo com o coordenador de Qualidade Ambiental do Laboratório da Sema, Sérgio Figueiredo.
Mas, mesmo após a desocupação e a implosão da área, não teve jeito.
RISCO TOTAL
No dia 19 de outubro deste ano, devido à escavações frenéticas e desordenadas, um barranco desmoronou, ferindo cinco homens. Autoridades locais consideraram que poderia ter ocorrido uma tragédia, caso houvesse soterramentos.
SOBRE A COOPERATIVA
Com relação à tentativa de retorno dos garimpeiros regularmente à área, através de uma cooperativa, ainda não há uma posição formal do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), entidade que autoriza qualquer extração mineral no país.
Uma mineradora pleiteia a extração na área da Serra do Caldeirão e a prioridade é a análise do pedido dela.
O que se sabe sobre o pedido dos garimpeiros junto ao DNPM, conforme o prefeito, é que a central do Departamento, em Brasília, já encaminhou para a regional, em Cuiabá, estudos sobre o assunto.