A Coreia do Norte anunciou nesta quarta-feira que realizou com sucesso o primeiro teste com uma bomba nuclear de hidrogênio, muito mais potente que a atômica, em uma demonstração de que o regime prossegue com o programa nuclear, apesar da proibição da comunidade internacional. O anúncio foi recebido com grande ceticismo por especialistas e por condenações imediatas em todo o planeta. A Coreia do Sul condenou “com força” o teste. O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, citou um “grande desafio” e o governo dos Estados Unidos prometeu uma reação apropriada às “provocações” norte-coreanas. A China, principal aliado da Coreia do Norte, também condenou o teste nuclear, realizado “apesar da oposição da comunidade internacional”.
O Conselho de Segurança da ONU realizará na manhã desta quarta-feira uma reunião de emergência após o anúncio de Pyongyang. A reunião, durante a qual acontecerão consultas a portas fechadas entre os quinze membros do Conselho, foi solicitada por Estados Unidos e Japão, afirmou o porta-voz da missão americana na ONU, Hagar Chemali. O anúncio do teste de uma bomba H foi uma surpresa. Pyongyang afirmou que foi ordenado pessoalmente pelo ditador norte-coreano Kim Jong-un dois dias antes de seu aniversário.
‘Miniatura’ – “Após o pleno sucesso da nossa bomba H histórica, nos juntamos ao grupo dos Estados nucleares avançados”, disse o apresentador da TV estatal norte-coreana, precisando que o teste envolveu um dispositivo em “miniatura”. Uma bomba de hidrogênio, ou termonuclear, utiliza a técnica da fusão nuclear e produz uma explosão muito mais potente que a da chamada bomba atômica, que utiliza a fissão nuclear, gerada apenas por urânio ou plutônio. Pyongyang testou em três oportunidades a bomba atômica A, que utiliza a fissão nuclear, em 2006, 2009 e 2013. Os testes resultaram em várias sanções internacionais.
Kim Jong-un deu a entender no mês passado, em uma inspeção a uma unidade militar, que seu país havia concluído a montagem de uma bomba de hidrogênio, uma declaração que provocou muitas dúvidas entre os especialistas internacionais. O ceticismo não foi menor nesta quarta-feira. “Esta arma tinha provavelmente a dimensão da bomba americana de Hiroshima, mas não era uma bomba de hidrogênio. Se trata de fissão”, afirmou à BBC Bruce Bennett, analista e especialista em defesa da Rand Corporation. “A explosão que teriam obtido seria no mínimo dez vezes superior ao que conseguiram”, completou.
As primeiras suspeitas sobre um novo teste norte-coreano foram formuladas por sismólogos que detectaram um tremor de 5,1 graus de magnitude perto da principal zona de testes nucleares da Coreia do Norte, no nordeste do país. A organização responsável pela aplicação do Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares, com sede em Viena, afirmou ter detectado uma atividade sísmica “incomum” na Coreia do Norte.
Fonte: Veja