Sua boca pode fazer mais do que simplesmente engolir o alimento. Ela também pode alegrar um coração pesaroso. Mas você precisa aprender palavras de bondade, de lisonja, de encorajamento, e de fidelidade para assim fazer. Como está a sua boca, leitor? Você é capaz de descobrir um coração pesado, um coração encurvado? E você conhece quais as palavras boas e de alegria que esse coração necessita? Você usa de palavras boas para confortar e encorajar a muitos?
A maioria dos homens é egoísta e preocupada com as suas próprias vidas para prestar atenção a outros ou aos seus problemas, e a maioria não tem a afeição ou a preocupação para dizer ou escrever algo bondoso e prestativo. Eles estão envolvidos em seus próprios pensamentos e não lhes ocorre servir a outros. Os demais estão simplesmente com medo demais e educados nesta arte.
Este texto não justifica o coração pesado; os santos deveriam ser as pessoas mais contentes e alegres na terra (Sl 4:7; 63:5; 92:4; IPe 1:8). Apesar de grandes homens terem períodos de desânimo, eles não permitem que tais sentimentos os sobrepujem (Sl 42:1-11; IICo 4:8-10). Um espírito melancólico desgovernado é uma maldição, uma ferramenta do diabo e os meios da autodestruição.
Mas se considerarmos aqueles que estão deprimidos por uma boa razão, teremos um objeto de piedade que merece a nossa atenção e afeição. Um coração pesado carrega cargas pesadas que os leva a se encurvar sob o peso; é uma alma oprimida pelos cuidados, circunstâncias e problemas da vida. A mãe do rei Lemuel recomendou vinho como uma possibilidade de cura para essa enfermidade (Pv 31:6)!
É ser muito cruel dançar em volta de uma pessoa deprimida. É como retirar dela um agasalho em tempos frios (Pv 25:20). Esta expressão barata de afeição causa mais dano do que o bem. “Anime-se, meu irmão, viva à luz solar,” são palavras boas e às vezes funciona; mas homens com fardos reais e um espírito oprimido precisa ouvir mais do que isto (Pv 14:10; 15:13; 17:22; 18:14). Seria melhor, de acordo com a sabedoria de Paulo, que chorássemos com aqueles que choram, não ficar dançando (Rm 12:15). E Jesus tomou consigo a Pedro, e a Tiago, e a João e começou a ter pavor e a angustiar-se. E disse-lhes: A minha alma está profundamente triste até a morte; ficai aqui e vigiai (ICo 12:26).
Dizer a outra pessoa que não parece estar bem é um presente de monstros sádicos. A crueldade soa como o seguinte: “Você não parece estar bem esta manhã, você não estaria com disenteria clínica? Eu li que ela tem afetado a muitos nesta semana. Minha sogra estava um bagaço! Como é que você está indo?” Isto não se parece com um touro solto numa loja de cristal e sim como um “pitbull” num berçário. Pois o verdadeiro problema estava com um cônjuge que teria temporariamente dilacerado os corações de suas tenras almas.
Um livro inteiro da Bíblia descreve os três amigos auto justificados de Jó, que não tendo uma única palavra boa para confortá-lo e fortalecê-lo, se uniram para acusá-lo de grande hipocrisia e de pecados ocultos. Não é de se admirar que ele os tenha chamado de miseráveis confortadores. Não é de admirar que Deus não queria perdoá-los a não ser que Jó orasse por eles. Mas outros seguem o exemplo deles e culpam as más circunstâncias ao julgamento de Deus, quando poderia ser uma provação carinhosa.
Quando foi a última vez que você elogiou alguém direta ou indiretamente? Quantas vezes você faz isto num dia? Um pensamento bondoso e bom a respeito de outra pessoa que não foi expressa é inútil! Se você tem bons pensamentos a respeito de alguém, diga isso para eles! Quanto melhor seria o mundo se elogiássemos aqueles que merecem ser elogiados. Quanto mais os justos seriam encorajados na justiça? Sua palavra pode levantar o coração do cansado quando eles necessitam disso (Is 50:4).
Nós devemos carregar os fardos uns dos outros e assim cumprir a lei de Cristo (Gl 6:2). E esta obra que é próprio dos verdadeiros santos inclui o conforto às mentes enfraquecidas, que podem ser o resultado de corações entristecidos (Sl 38:1-22; ITs 5:14). Se você é forte no Senhor, é seu dever procurar aqueles que são fracos e ajudá-los (Rm 15:1-3).
Vida e morte estão no poder da língua, e santos piedosos os usam para a saúde e a vida (Pv 12:18; 15:23; 16:24; 18:21; 27:9). Só uma pitada de sal – criticismo e repreensão – deveria temperar as palavras agradáveis de um homem sábio (Ef 4:29; Cl 4:6). O objetivo é o de edificar, ou erguer um ao outro, como Jônatas animou Davi, quando ele estava escondido na floresta (ISm 23:16).
Anjos confortaram e fortaleceram o nosso Senhor Jesus Cristo, várias vezes, especialmente quando o Seu espírito estava grandemente turbado no Getsêmani (Mc 14:33-34), e Ele envia o Seu Espírito para nos confortar, quando nos humilhamos diante Dele e clamamos por socorro. Sigamos o Seu santo exemplo e usemos de boas palavras extraídas da boa Palavra para tornar corações tristes em alegria!