O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou nesta terça-feira (12) que “insultar” os muçulmanos não torna o país “mais seguro” e “trai” a essência do que significa ser americano, em uma clara referência ao pré-candidato presidencial republicano Donald Trump.
“Quando os políticos insultam os muçulmanos, uma mesquita é destruída e uma criança é intimidada, isso não nos torna mais seguros. É simplesmente incorreto. Isso nos diminui perante os olhos do mundo”, enfatizou Obama em seu último discurso sobre o Estado da União em sessão conjunta das duas câmaras do Congresso.
Por isso, Obama pediu que os americanos “rejeitem” qualquer política que ataque as pessoas “por motivos de raça ou religião” e ressaltou que o mundo inteiro “respeita” os EUA por sua “diversidade” e “abertura”.
Para Obama, a democracia “se rompe” quando os cidadãos “sentem que sua voz não conta, que o sistema está concebido em favor dos ricos e poderosos”.
“Muitos americanos se sentem dessa maneira agora. É um dos poucos pesares da minha presidência, que o rancor e a desconfiança entre os partidos tenha piorado ao invés de melhorado”, reconheceu o presidente.
Obama prometeu que vai continuar tentando “ser melhor” até o fim de seu mandato, mas disse também que a tarefa não é só sua.
“Se queremos uma política melhor, não é suficiente mudar um congressista, um senador e, inclusive, o presidente. Temos que mudar o sistema para que reflita o melhor de nós mesmos”, comentou Obama.
Trump, favorito nas pesquisas para obter a indicação presidencial republicana, propôs vetar temporariamente a entrada de muçulmanos nos EUA como resposta à ameaça do terrorismo jihadista, o que provocou uma avalanche de críticas, inclusive dentro de seu próprio partido.
Obama disse que é preciso reduzir a “influência” do dinheiro na política para que “um punhado de famílias e interesses ocultos” não possam financiar as eleições.
“Se nos rendermos agora, estaremos abandonando um futuro melhor. Aqueles que têm dinheiro e poder ganharão mais controle em decisões que podem mandar um jovem soldado à guerra ou permitir outro desastre econômico, ou retroceder nos direitos de igualdade que gerações de americanos lutaram para conseguir”, frisou Obama.
“Temos que fazer com que votar seja mais fácil, não mais difícil, e modernizar as votações adequando-as a como vivemos hoje em dia. Ao longo deste ano, pretendo viajar pelo país para pressionar em favor das reformas para este fim”, apontou.
Obama também pediu o fim da “prática de demarcar os distritos do Congresso para que os políticos possam escolher seus eleitores e não o contrário”, em uma alusão ao “gerrymandering”, como é chamada a manipulação de distritos para favorecer a eleição de um legislador de um partido determinado.
Fonte: AGÊNCIA EFE