As distribuidoras de combustíveis têm aproveitado o alto preço do diesel vendido pela Petrobras para ampliar seus lucros com a importação do produto por conta própria.
O cenário é tão favorável às compras no exterior que até a Vale, maior consumidora individual do país, decidiu trazer diesel do exterior.
As importações por companhias privadas foram retomadas no início de 2015, após anos de dependência exclusiva da Petrobras.
O Brasil importa diesel porque não tem capacidade para produzir todo o volume necessário para abastecer o mercado. No ano passado, foram importados 6,94 bilhões de litros, o equivalente a 13% do consumo interno.
O volume trazido do exterior caiu 39% em relação a 2014, devido à retração no mercado interno de combustíveis e ao aumento da oferta, com o início das operações da refinaria Abreu e Lima.
Mesmo assim, empresas privadas foram responsáveis por 1/4 das compras externas autorizadas pela ANP (Agência Nacional do Petróleo).
Os dados da ANP mostram que, nos dois últimos meses do ano, elas programaram trazer volumes maiores que os solicitados pela estatal.
Executivos do setor dizem que esta é a melhor “janela de oportunidades” para importação de diesel nos últimos anos. De acordo com consultorias especializadas, o diesel vendido pela Petrobras custa hoje cerca de 40% a mais que a cotação do golfo do México, usada como referência.
Na gasolina, a vantagem é menor, em torno de 15%, e não justifica as importações por terceiros.
Entre as empresas mais atuantes na venda de diesel estão a Oil Trading e a Blueway, divisões de importações das duas maiores distribuidoras privadas do país -Ipiranga e Raízen, respectivamente.
Empresas de menor porte, porém, também se aproveitam da situação. É o caso da distribuidora Total, com atuação concentrada na região Nordeste, que ocupa a 6ª posição no ranking das vendas de diesel no Brasil.
Por meio da importadora BCI, a companhia começou a trazer o combustível em outubro. Já pediu à ANP autorização para importar 56 milhões de litros -parte para venda em sua rede de postos, parte sob encomenda de outras distribuidoras.
O gerente de importações da BCI, Luciano Menezes, diz que a empresa costumava importar até 2004, mas parou depois que a Petrobras passou a subsidiar os preços dos combustíveis. “Agora, está valendo a pena de novo”, diz.
A Vale também diminui suas compras de grandes distribuidoras para aproveitar o momento e reduzir custos.
A mineradora, a maior consumidora individual do combustível no país, pediu autorização para importar 88 milhões de litros em 2015.
Procuradas, Ipiranga, Raízen e Vale preferiram não comentar o assunto.
Fonte:Folha de São Paulo