Governo de Barack Obama pedirá ao Congresso dos Estados Unidos mais de 7,2 bilhões de reais (1,8 bilhão de dólares) em fundos emergenciais para o combate à expansão do zika vírus, segundo anunciou nesta segunda-feira a Casa Branca.
O objetivo é “melhorar os esforços de preparação e reação contra o zika vírus tanto interna como internacionalmente”, afirma o comunicado oficial. Embora no território continental dos Estados Unidos ainda não tenha sido registrado nenhum caso de transmissão local pela picada do mosquito, ocorreu, já, um caso por transmissão sexual em Dallas, Texas, o que fez com que crescessem os alertas referentes às visas de contágio de um vírus sobre o qual ainda se sabe muito pouco.
O maior pacote de financiamento, 828 milhões de dólares (cerca de 3,3 bilhões de reais), será destinado ao Centro de Controle de Enfermidades (CDC), a agência federal que estuda doenças contagiosas e que coordena a ação, neste caso, nacionalmente.
O Governo também prevê uma parcela de 200 milhões de dólares (cerca de 800 milhões de reais) para acelerar a busca por uma vacina contra o zika. Segundo já havia explicado em janeiro o próprio CDC, embora já se esteja trabalhando em cima de dois tipos de vacina e os primeiros testes talvez ainda sejam realizados em 2016, não se prevê que uma vacina esteja pronta de forma “efetiva” antes de alguns anos. Esses fundos extraordinários servirão para a “pesquisa e rápido desenvolvimento e comercialização de novas vacinas e testes de diagnóstico” do vírus, afirmou a Casa Branca, sem precisar se esses valores permitirão que os prazos previstos pelo CDC sejam antecipados.
Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesta segunda-feira que está trabalhando para selecionar as investigações existentes sobre o zika, para tratar de dar prioridade àquelas mais úteis e acelerar seu desenvolvimento. Uma seleção que um comitê de assessores desta organização levará a cabo.
Atualmente há 12 grupos que trabalham em projetos de potenciais vacinas contra o zika, segundo a OMS. Investigações que, no entanto, se encontram nas etapas iniciais. Alguns destes estudos estão centrando mais na profilaxia contra o vírus; um sistema que se usa, por exemplo, para prevenir a Malária, segundo a Organização Mundial da Saúde.
Diante da expansão do vírus que já afetou a toda América e que infectará entre três e quatro milhões de pessoas, segundo a OMS, as autoridades sanitárias puseram mãos à obra para agilizar uma resposta médica. Por enquanto, o zika é combatido unicamente por meio da prevenção da picada e da erradicação doAedes aegypti, o mosquito transmissor. Assim, a Agência Europeia do Medicamentos (EMA) anunciou nesta segunda-feira a criação de um grupo de especialistas para trabalhar nos tratamentos e a imunização.
A agência está orientando os desenvolvedores de remédios a contatá-la se tiverem um projeto promissor. Além disso, a EMA avisou que contatará “proativamente” empresas que já planejem trabalhar em investigação sobre vacinas, em assessoramento científico e na regulação de fármacos. “A interação prematura e habitual com a agência pode acelerar significativamente o desenvolvimento de medicamentos”, disse a agência em um comunicado.
Um trabalhador fumiga um cemitério em Carabayllo, na periferia de Lima, para erradicar o mosquito transmissor do zika, em 1º de fevereiro. MARIANA BAZO REUTERS
Entre os diversos destinos previstos para esses fundos emergenciais, destacam-se também 250 milhões de dólares (cerca de 1 bilhão de reais) destinados a Porto Rico, o território norte-americano não continental mais atingido até o momento pelo zika vírus. Ali foram registrados pelo menos 21 casos, todos eles, com apenas uma exceção, transmitidos localmente. O governador de Porto Rico, Alejandro García Padilla, declarou na sexta-feira estado de emergência de saúde pública diante da “ameaça do vírus do zika”.
A administração Obama também reservou uma partida a mais de 330 milhões de dólares para a agência humanitária estatal USAID, com os que pretende ajudar aos países mais afetados pelo vírus a conter a transmissão do vírus e acelerar os diagnósticos e a busca por uma vacina.
“Há muito que ainda não sabemos sobre o zika e sua relação com os problemas de saúde que está sendo reportado em zonas afetadas pelo vírus”, lembrou a Casa Branca. “Temos que trabalhar de forma agressiva para pesquisar esses focos e mitigar, o máximo possível, a expansão do vírus”, acrescentou. Neste sentido, segundo o Governo de Obama, se o Congresso aprovar a partida requisitada “vai se acelerar nossa capacidade de prevenir, detectar e responder ao zika vírus, bem como de impulsionar nossa capacidade de reduzir o potencial de futuros focos de doenças infecciosas”.
Fonte: El País