Uma quadrilha organizada seria responsável por atos criminosos na região do Vale do Jamari (RO), segundo o comandante geral da Polícia Militar (PM) do Estado, coronel Ênedy Dias. A polícia responsabiliza a organização criminosa pelas invasões violentas a propriedades rurais e assassinatos nas áreas de conflitos agrários, sendo o último ocorrido na segunda-feira (8), quando um fazendeiro foi morto a tiros na fazenda dele, em Campo Novo de Rondônia (RO).
De acordo com o comandante, a polícia identificou que o grupo faz ações coordenadas em várias localidades da região, e os crimes de invasões com uso de violência, destruição das propriedades, furto de animais e homicídios são crimes vinculados a uma mesma quadrilha que tem ligações em vários pontos de conflitos agrários no Vale do Jamari.
Dias esclareceu que o grupo não pertence a nenhum movimento sem-terra. “Identificamos que esse comportamento é de uma quadrilha de bandidos armados, e nada tem haver com movimentos de trabalhadores rurais sem-terra. O objetivo desses criminosos é causar terror para ocupar a terra”, explicou.
Crimes e conflitos agrários
Dias destacou ainda que o assassinato do fazendeiro na última segunda-feira pode ter relação com essa quadrilha. O homem de 42 anos foi morto com cinco tiros na porteira da propriedade rural dele, localizada no Km-170, Distrito Três Coqueiros, em Campo Novo de Rondônia.
A vítima e um funcionário da propriedade foram rendidos por três homens armados quando chegavam à fazenda, e o fazendeiro foi morto após ser identificado, o que segundo a polícia reforça a hipótese de crime encomendado.
Outro caso que pode ter ligação com a organização criminosa é o ataque à fazenda Fluminense, em Monte Negro (RO), que pertence ao ex-prefeito daquele município, também ocorrido na segunda-feira. Segundo a PM, no local teve destruição de bens da fazenda e furto de animais. Mais de cem cápsulas de munições deflagradas, calibre 12, também foram encontradas.
O grupo que fez o ataque deixou um recado na parede para as pessoas deixarem a propriedade até a próxima semana. É segunda vez somente esse ano que a fazenda é alvo de ataques. No dia 1º de janeiro, um grupo armado incendiou as casas do local e depredaram móveis. Na ocasião, um dos suspeitos foi baleado e morto por um tiro acidental disparado por um comparsa. Nos dois casos citados ninguém foi preso.
Outro caso publicado pelo G1 na semana passada, cerca de 90 crianças do Assentamento Terra Prometida, em Ariquemes, estão sem poder estudar por causa de um grupo de homens armados que está aterrorizando as propriedades.
De acordo com o Conselho Tutelar do município, os pais dos estudantes estão preocupados com a segurança dos filhos, pois o bando ameaça impedir a passagem dos ônibus nas linhas rurais, e já determinou toque de recolher. O caso foi denunciado ao Ministério Público de Rondônia (MP-RO).
Ações públicas de segurança no campo
Conforme o comandante geral da PM há 36 fazendas em áreas de conflito no Vale do Jamari, e conta que foi realizada uma reunião na terça-feira (9) com fazendeiros, associações e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
“Na reunião foram discutidos a tensão e medo provocados por esse grupo armado que vem aterrorizando a zona rural da região, e determinamos frentes de trabalho para combater esses criminosos”, informou o coronel.
Ele disse também que foi reforçado o policiamento com patrulha rural e já vem realizando o trabalho para tentar identificar os integrantes da quadrilha e pede o apoio da população. “É muito importante que as pessoas de bem denunciem esses criminosos, uma vez que região é extensa”, completou.
Fonte: G1