Representantes de igrejas cristãs no Brasil têm opiniões diferentes sobre a autorização para o aborto em casos de microcefalia. A discordância ficou clara ontem no lançamento da campanha da fraternidade de 2016. Lançada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em parceria com o Conselho Nacional das Igrejas Cristãs (Conic), a campanha deste ano tem como foco o saneamento básico.
Para a CNBB, a epidemia de zika no Brasil não justifica a interrupção da gravidez. Enquanto a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil ainda não tem posição formada, setores da Igreja Batista acham que a mulher deve ter direito ao aborto no caso de microcefalia.
“Hoje, a gente tem uma resposta possível, não a ideal. Essa discussão é muito recente. O propósito da igreja é sempre pela vida”, disse dom Flávio Irala, bispo da Igreja Anglicana. “Mas não podemos ficar nos escondendo de debates polêmicos”, afirmou.
A microcefalia é uma malformação na qual os bebês nascem com a cabeça menor que o normal e, na maioria dos casos, leva ao retardo mental. Exames feitos por laboratórios ligados ao Ministério da Saúde mostram ligação entre a epidemia de microcefalia, que atinge principalmente o Nordeste, e o vírus zika, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, que também é vetor da dengue e da chicungunha.
Na sexta-feira passada, a Organização das Nações Unidas (ONU) pediu que os países atingidos pelo zika permitam o acesso de mulheres à contracepção e ao aborto.
No lançamento da campanha, o ministro das Cidades, Gilberto Kassab, afirmou que o Brasil “infelizmente está aquém” do ideal no quesito saneamento básico e que “por mais que tenham havido melhorias nos últimos anos, ainda deixamos a desejar”.
Fonte: O Dia