As polémicas instruções dadas por um monsenhor francês relativamente a nem sempre ser obrigatório comunicar às autoridades os abusos sexuais tiveram de ser contrariadas pelo Vaticano.
A comissão especial criada pelo Papa Francisco para lidar com as acusações de abusos sexuais está ser posta de lado por altos responsáveis do Vaticano, segundo indica esta terça-feira o “Guardian”.
O jornal britânico indica que os diferendos entre altos responsáveis da Igreja Católica foram expostos em sequência das afirmações proferidas por um controverso monsenhor francês, durante uma ação de formação para novos bispos. O clérigo francês indicou aos novos bispos que “não será necessariamente” o seu dever comunicar às autoridades locais os abusos quando a legislação do país em questão a tal não obrigue.
Uma posição que foi contrariada esta semana pelo cardeal de Boston, Seán O’Malley, que foi nomeado pelo Papa para chefiar a comissão especial para a proteção de menores: “Nós, o presidente e os membros da comissão, queremos afirmar que as nossas obrigações sob a lei civil devem certamente ser seguidas, mas mesmo para lá desses requerimentos civis, nós todos temos uma responsabilidade moral e ética de reportar as suspeitas de abusos às autoridades civis que estão encarregadas de proteger a nossa sociedade”.
O “Guardian” refere também que tanto os cursos aprovados para formação relativamente a proteção de crianças, como o novo tribunal para lidar com os casos de bispos acusados de estarem a encobrir abusos sexuais dentro da Igreja – que foi anunciado como um grande passo dado pelo Papa nesta matéria –, ainda não se concretizaram devido às resistências encontradas dentro de altas instâncias do Vaticano.
Fonte: Sapo.pt