O programa “Mariana Godoy Entrevista” desta sexta-feira (19) recebeu o secretário de Saúde da cidade de São Paulo, Alexandre Padilha, e o médico infectologista e secretário estadual da Saúde David Uip. Ambos concordaram que a continuidade de ações de combate ao Aedes Aegypti é a principal forma de conter as doenças que ele transmite.
Padilha acredita que “o grande desafio” do combate ao Aedes aegypti é ‘ter continuidade nas ações”. Ele citou reduções de casos de dengue em 2011 e 2012, com crescimento em 2013 e 2014, justamente por causa da descontinuidade das ações. “O que mais afeta esse combate é a troca de gestões municipiais, quando existe mudanças nas ações.” Ele lembrou que 80% dos focos do mosquito estão dentro das residências dos brasileiros.
David Uip acredita que o mais importante no combate são as “ações continuas e informação de qualidade” e que ainda existe muitas coisas que a comunidade médica ainda não compreende. Ele diz que o aedes “é um inseto que se adaptou, que vive de forma diferente, que é muito difícil no combate. Quando lidamos com epidemia se não termos um remédio específico e uma vacina específica, o que sobra é a redução danos.”
Para Padilha, a falta de saneamento básico tem “relação direta” com o surto de aedes. “A origem dele não tá na saúde, tá nas moradias, na falta de saneamento, no aquecimento global… A própria OMS estabelece que o principal indicador para você avaliar se o sistema de Saúde falhou no combate a dengue não o número de casos, mas o número de óbitos.” Padilha lembrou de uma grande epidemia de dengue em 2015, com uma baixa quantidade de óbitos: “A gente não quer que tenha óbito nenhum, então o esforço é atacar as casas do mosquito.”
O doutor Uip explica que o fato de se encontrar o Zika na saliva, não quer dizer que ele possa ser transmitido por um beijo, por exemplo. Encontrar o vírus em um ambiente não quer dizer que ele possa ser transmitido para outro. Uip admitiu que o sexo pode ser uma forma de transmissão: “Seguramente é uma forma de transmissão”, mas o que tem importância é o mosquito aedes aegypti.
Padilha explica que o período de gravidez que a pessoa tem mais risco são nas primeiras doze semanas, e que este também seria o período de maior risco para ela se infectar com o Zika vírus: “As pessoas estão muito preocupadas com o Zika vírus, e com razão, mas por exemplo, a dengue, você tem uma descrição muito clara da relação da dengue com o aborto, com a morte de gestantes… E é possível que a infecção por Zika vírus esteja relacionada a outras coisas que podem acontecer com o bebê além da microcefalia”. O doutor Uip disse que um aborto pode ser causado pelo Zika: “É uma situação que temos que ser muito cuidados com o que causa o que.”
Sobre o aumento nos casos registrados de microcefalia no país, Uip disse que acredita que isso tenha sido causado pela “subnotificação”.
O programa trouxe o caso da Claudia, mãe do Pedro, que desenvolveu microcefalia no útero quando sua mãe contraiu toxoplasmose. “Algumas mudanças aconteceram na minha vida, eu parei de trabalhar por causa dos tratamentos e terapias que ele precisou fazer… O progresso dele era lento mas muito significativo para mim. O que eu falo pra ele é que o Pedro tem em mim uma parceira.” Carla afirma que falta respaldo financeiro do governo e que o Poder Público poderia investir em música no tratamento de crianças e jovens com microcefalia: “Por que não investir em trabalhos com ele em trabalhos que têm a troca?”.
Uip disse que ninguém está preparado para uma epidemia de Zika: “Dizer que alguém no mundo está preparado, isso não é verdade”.
Padilha avisa sobre os grupos de risco: “O principal dados que temos está relacionado a gestantes e bebês que nascem desta gestação. Mas identificamos outra síndrome, a Guillain-Barré, que causa uma espécie de paralisia, que também é causada por outras coisas… A grande maioria das pessoas infectadas pelo Zika vírus terá um quadro parecido com o da dengue, febre, dor no corpo, mas não tão forte quanto a dengue.”
O doutor Uip aproveitou para esclarecer que “80% dos casos de Zika vírus são asintomáticos, o paciente não apresenta os sintomas. Teremos uma grande game de indivíduos que terão o anticorpo sem manifestar a doença (…) Estamos unido o que há de melhor e mais qualificado no estado [contra o Aedes].”
Uip disse que não existe como previr quantas pessoas serão infectadas pelas doença. O médico disse que é “provável” que o vírus tenha sofrido uma mutação. Uip disse que o ministro da Saúde Claudio Castro foi “mal interpretado”: “O que ele disse foi que uma mulher que teve o Zika antes da gravidez vai ter o anticorpo e, pelo o que a gente sabe, este anticorpo é definitivo e ela não teria esse vírus na gravidez, mas isso ainda é precoce, não é definitivo”; “A principal forma de inumizar uma pessoa é quando ela pega [a doença] naturalmente”.
Padilha afirme que existe investimento em mosquitos inférteis, mas que não acredita que isso tenha ajudado a criar a epidemia: “Pelo contrário, neste caso no interior da Bahia reduziu os casos de dengue e Zika. Acho que esta é uma das formas de combate inteligente.”
O médico Uip condenou os boatos espalhados pela internet: “eles são inadmissíveis, criminosos”.
O programa Mariana Godoy Entrevista vai ao ar todas as sextas-feiras , a partir das 22h30, pela RedeTV!
Crédito Foto: Fernanda Simão | Divulgação RedeTV!