O presidente Barack Obama envia nesta terça-feira ao Congresso americano seu plano para fechar de forma definitiva a prisão de Guantánamo, localizada em uma base dos EUA em solo cubano. Ainda restam na prisão — famosa por abrigar suspeitos de ligação com o terrorismo, mas que, em alguns casos, nunca foram formalmente processados e que teriam sido vítimas de torturas — 91 presos. A proposta prevê uma inédita transferências destes presos para cadeias nos Estados Unidos, algo que tem grande rejeição do Partido Republicano.
Segundo a Casa Branca, dos 91 presos restantes na prisão, 35, de menor periculosidade, poderiam ser transferidos a terceiros países, como já ocorreu outras vezes — a exemplo do Uruguai, que iniciou o recebimento destes presos no fim de 2014. O restante, segundo o plano, teriam de ir a cadeias americanas.
A maior parte destes presos tem origem muçulmana. Esse sempre foi um dos pontos mais questionados da promessa de Obama, feita ainda em sua eleição, de fechar a controversa prisão. Por outro lado, a existência desta prisão é uma das maiores queixas de organizações de Direitos Humanos contra os Estados Unidos.
Obama tem prometido fechar a prisão até a conclusão de seu mandato, que se encerra no dia 20 de janeiro de 2017. Mas seu plano para o fim de Guantánamo foi apresentado faltando onze meses para o presidente deixar a Casa Branca. E chega em um Congresso dominado pela oposição republicana e em ano eleitoral, o que torna sua aprovação ainda mais difícil de avançar. Outras questões que acirram os ânimos, como a nomeação de um novo juiz para a Suprema Corte dos EUA, confirmam que há um ambiente hostil a acordos no parlamento.
Além disso, dois pré-candidatos republicanos para as eleições presidenciais de novembro, Marco Rubio e Ted Cruz, já afirmaram que querem manter Guantánamo ativa e levar para lá ainda mais presos acusados de relação com o terrorismo. Donald Trump, o líder da campanha republicana, já defendeu o uso de algumas técnicas consideradas violações aos direitos humanos para o interrogatório suspeitos de serem terroristas.
Guantánamo chegou a contar com 779 presos logo após o ataque terrorista de 11 de Setembro de 2001 em Nova York. A maior parte deles, no entanto, foi liberada ainda no governo de George W. Bush.
Fonte: Extra