sexta-feira, 9 maio, 2025
No Result
View All Result
Folha Nobre
  • Todas Notícias
  • Rondônia
  • PodCast
  • Expediente
Folha Nobre
No Result
View All Result
Folha Nobre
No Result
View All Result

Duas ou três propostas para a Amazônia* – Por Rinaldo Segundo

27/02/2016
in Notícias
Autor Rinaldo Segundo
Autor Rinaldo Segundo

“…sei que… na vida a gente só fica irritado e zangado com uma proposta quando não está muito seguro de poder resistir-lhe e está intimamente tentado a aceitá-la.” Thomas Mann, Os Buddenbrooks.

 

Um modelo de desenvolvimento sustentável amazônico deve contemplar propostas em diferentes áreas e para diferentes grupos amazônicos. Assim, devem merecer propostas: as principais atividades econômicas e grupos amazônicos. São exemplos disso: pecuária, agricultura do agronegócio, a pequena agricultura familiar, grupos economicamente marginalizados, setor florestal, biotecnologia.

Ao lado disso, é preciso construir propostas para uma rápida e efetiva regularização fundiária e redução do desmatamento, bem como estabelecer a relação entre o desenvolvimento sustentável e as instituições financeiras, o Estado e o Mercado. Considerando tudo isso, apresento algumas propostas.

A primeira visa democratizar o acesso ao desenvolvimento. É natural pensar o desenvolvimento como um direito coletivo e não individual. Estratégias desenvolvimentistas nacionais reafirmam isso. O que fazer para a Eritreia prosperar como o Brasil? O que fazer para o Brasil prosperar como o Chile?

Democratizar o acesso ao desenvolvimento oportuniza gerar prosperidade para todas regiões, grupos e pessoas na Amazônia. Essa nova perspectiva deve readequar instituições e institutos jurídicos para incluir grupos excluídos de estratégias desenvolvimentistas.

Então, 300 mil mulheres extraem o coco do babaçu na Amazônia ainda primitivamente ganhando aproximadamente 10 reais por dia. Não seria possível gerar tecnologia que aumentasse a eficiência, reduzindo o trabalho penoso que realizam e garantindo-lhes ainda mais renda e tempo livre? Difícil imaginar que numa época de impressora 3D, essa tecnologia não possa ser produzida e democratizada. Indígenas desejam ter acesso a políticas de geração de renda, por exemplo, com tanques para criação de peixes? É possível lhes assegurar essa oportunidade, definindo critérios para isso.

Outra proposta se volta para a pequena agricultura familiar. Considerando a Amazônia, a reforma agrária não é a melhor medida (refiro-me a trazer agricultores não amazônicos para a Amazônia.) Situação diferente é dos 600 mil pequenos agricultores já assentados na Amazônia, cuja produção sustentável deve ser estimulada. Nem heróis, nem vilões, qualquer política de desenvolvimento sustentável amazônica deve considerar tais agricultores, pois é inconcebível desapossar 600 mil pequenos agricultores da Amazônia.

Pensar a sustentabilidade amazônica sem seus 23 milhões de habitantes é fácil, difícil é construir um modelo sustentável que inclua tais pessoas. Os desafios da escolha difícil para a pequena agricultura se acentuam, inclusive pelo fato dos pequenos agricultores amazônicos não auferirem toda renda familiar da agricultura, dependendo de atividades como a extração ilegal de madeira.

Para a agricultura familiar, um modelo sustentável deve priorizar: a criação de um mercado de terras na Amazônia; programas de financiamento, mecanização, tecnologia e extensão rural aos 600 mil agricultores amazônicos, testando estratégias variadas para um melhor resultado; a diversidade na produção para reduzir o risco.

Finalizo com a pecuária, atividade que exerce a maior pressão por novos desmatamentos na Amazônia, ocupando nove vezes mais terras que a agricultura na Amazônia.

O desmatamento pode ser contido e a produção de carne bastante elevada freando-se o avanço da pecuária sobre novas áreas preservadas de florestas. Como fazer isso? Priorizando a intensividade, a produtividade e a tecnologia. E na prática? Um único exemplo: a cobrança do Imposto de Terras (ITR) em áreas de pecuária pode considerar índices de produtividade, isto é, a quantidade de cabeças de gado por hectare. Referida medida aumenta o custo das terras amazônicas de baixa produtividade (pecuária extensiva), estimulando a comercialização de terras especulativas e a pecuária intensiva.

Propostas sustentáveis econômica, ambiental e socialmente podem redefinir o desenvolvimento amazônico. Assim, uma Amazônia que já é grande pode ser ainda maior!

 

*Artigo 10 da série de artigos Desenvolvimento Sustentável da Amazônia.

Rinaldo Segundo, promotor de justiça no MPE/MT e mestre em direito (Harvard Law School), é autor do livro “Desenvolvimento Sustentável da Amazônia: menos desmatamento, desperdício e pobreza, mais preservação, alimentos e riqueza,” Juruá Editora.

Compartilhe isso:

  • WhatsApp
  • Imprimir
  • Tweet
  • Telegram
  • Threads
Tags: ArtigoRinaldo Segundo

Podcast

Folha Nobre - Desde 2013 - ©

Welcome Back!

Login to your account below

Forgotten Password?

Retrieve your password

Please enter your username or email address to reset your password.

Log In

Add New Playlist

No Result
View All Result
  • Todas Notícias
  • Rondônia
  • PodCast
  • Expediente

Folha Nobre - Desde 2013 - ©

Este site usa cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso de cookies. Visite a página Política de Privacidade.