Em conversa por telefone com o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) no dia 2 de março, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirma que, se o PSDB e o senador Aécio Neves (PSDB-SP) não forem citados na delação premiada dos executivos da empreiteira Andrade Gutierrez dentro da Operação Lava Jato, o instrumento para obter informações é uma farsa.
No diálogo, Lula comenta que seu telefone poderia estar sendo gravado pela Polícia Federal. A conversa de fato estava sendo gravada pelas autoridades e foi divulgada nesta quarta (16) depois que o juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato, levantou o sigilo sobre a investigação sobre o ex-presidente, incluindo uma série de telefonemas.
“Na delação da Andrade Gutierrez… Eu estou falando neste telefone porque quero saber se a Polícia Federal está gravando, tá? Quero ver se está grampeado”, diz Lula, entre risos do senador, antes de retomar o assunto. “Se a Polícia Federal e o Ministério Público, nessa delação da Andrade Gutierrez, não aparecer o PSDB e nem o Aécio, qualquer brasileiro pode dizer que a delação é uma farsa. Uma mentira.”
No total, 11 executivos da empresa, a segunda maior empreiteira do Brasil, fizeram acordo de delação, entre eles Otávio Azevedo, ex-presidente do grupo. Nenhuma delação foi homologada pela Justiça até o momento.
“Sobre Aécio, você sabe que aquela história da Cemig com a Andrade Gutierrez é um grande escândalo. Você sabe, né?. A relação da Cemig com Andrade Gutierrez e Aécio é umbilical”, prossegue Lindbergh.
Na mesma conversa, Lula lembra que o procurador-geral da República recusara, até então, quatro investigações sobre Aécio Neves.
“O Aécio dizer que não quer mexer em nada, é porque ele não quer que a coisa dele seja mandada para investigação”, afirma o ex-presidente.
“Não investigou Dimas, não”, responde Lindbergh, em alusão a Dimas Toledo, ex-diretor da estatal Furnas.
O senador tucano foi citado na delação do lobista Fernando Moura, feita ao juiz Sérgio Moro no começo de fevereiro. Segundo ele, Toledo descreve o esquema de propina da empresa como sendo “um terço São Paulo, um terço nacional e um terço Aécio”. Na época, a assessoria de imprensa do PSDB definiu a citação a Aécio como “declaração requentada e absurda”. Com informações de Uol