O senador Blairo Maggi (PR-MT) criticou a decisão da USP (Universidade de São Paulo) de processar por charlatanismo o professor Gilberto Chierice, criador da chamada pílula do câncer. “Ao invés de investirem em mais pesquisas para comprovar a eficácia do medicamento, a Universidade gasta tempo e dinheiro processando o professor”, lamentou. Ele disse ainda que pretende investigar se por trás dessa ação há pressões de grupos ligados à indústria farmacêutica, uma vez que o produto é de baixo custo.
Blairo Maggi se posicionou favorável ao uso da substância após ouvir vários relatos de pacientes que se encontravam em estado terminal da doença e após o uso da fosfoetanolamina sintética – principal substância da pílula do câncer – apresentarem melhoras significativas. Muitos dessas pessoas foram ao Senado participar de audiências públicas nas comissões temáticas que discutiram sobre o uso da pílula.
Para o senador, chama atenção o fato de a Universidade não ter se posicionado durante os 20 anos em que a pílula foi produzida e distribuída pela USP. Somente após a substância ter atingido repercussão nacional e o professor ter se aposentado é que a Procuradoria-Geral da USP decidiu processá-lo.
O senador teme que por causa dos bons resultados relatados pelos pacientes e pelo baixo custo do produto que não esteja ocorrendo um lobby por parte da indústria farmacêutica, uma das mais ricas do mundo, para impedir o desenvolvimento do remédio em larga escala. Blairo Maggi acha que o Congresso deve entrar nessa briga e cobrar um posicionamento da USP.
O senador enfrentou um problema de doença há cerca de duas décadas com uma de suas filhas. Por isso ele se sensibilizou com os relatos e procurou se empenhar diretamente para conhecer melhor os efeitos do remédio. Ele afirmou que para os doentes e seus familiares é muito importante o uso de qualquer coisa que venha melhorar a qualidade de vida e oferecer a possibilidade de cura.
Durante as audiências sobre o uso da pílula, senador revelou que buscou todos os recursos da medicina, no Brasil e no exterior, para salvar a filha e ainda assim, não abriu mão de nenhuma indicação feita para ajudar na cura. “Nem de reza, nem de oração, nem de procurar quem quer que seja ou de tomar qualquer coisa que me fosse indicado como solução ou para ajudar a resolver o problema. E assim fizemos. Se na época eu tivesse conhecido, se houvesse a fosfoetanolamina, com toda certeza, eu também a teria utilizado, porque é uma esperança para aqueles que muitas vezes não têm sequer esperança”.
Há cerca de duas semanas, o Senado aprovou um projeto que autoriza a distribuição do medicamento para pacientes com câncer em estado avançado e que assinem um termo se responsabilizando pelo uso da substância. O projeto prevê ainda que, caso não seja comprovada a eficácia após as pesquisas, a distribuição será suspensa.
O projeto seguiu para sanção da presidente Dilma Rousseff. O senador Blairo Maggi fez um apelo à presidente para que ouça o clamor dos pacientes beneficiados com o uso do medicamento e sancione o projeto, acabando de vez com a polêmica.