Raquel Duarte, do Serviço de Comunicação da Prefeitura do Campus USP de Ribeirão Preto
Os resultados apresentados pela pesquisa, que contou com a colaboração de homens casados, com idade entre 48 e 76 anos, mostraram que o parceiro da mulher com câncer de mama precisa ser sensível em todos os acontecimentos, do diagnóstico ao processo de reabilitação. Além disso, o estudo mostrou que o meio profissional e científico não tem alternativas e opções de acompanhamento dos familiares da mulher com câncer.
Segundo o psicólogo Leonardo Yoshimochi, autor do estudo a dificuldade vivida durante o tratamento muda a vida do casal e acaba refletindo nas atividades diárias, como os cuidados com a casa, com os filhos e com toda a família. “Mesmo sensíveis com a situação, os parceiros acabam sofrendo de forma solitária, pois não aceitam expor suas dificuldades mediante tamanho cuidado que se destinaram a prestar”, diz.
Mudanças na intimidade do casal
Além da estrutura familiar, a vida íntima do casal que a mulher recebe o diagnóstico de câncer de mama, também muda. Durante o tratamento, a mulher sofre mudanças físicas, que podem interferir na intimidade do casal, como as modificações no corpo, diminuição do desejo sexual, secura vaginal, depressão, ansiedade e tristeza. “Nesse momento é importante que eles mantenham o diálogo, para que nada afete a intimidade”.
“É necessário que a relação do casal seja bem cuidada, caso contrário, acaba se tornando uma situação ainda mais traumática, e com isso o tempo para melhora emocional deles pode ser estendido e levar anos”, relata Yoshimochi.
Apesar de as mulheres serem diretamente afetadas pela doença, diz o pesquisador, os parceiros também precisam procurar tratamento, uma vez que sofrem com toda a situação. Segundo ele, primeiro é necessário que busquem informações com os profissionais que acompanham suas mulheres, e depois um acompanhamento que acolha suas necessidades pessoais, como o tratamento psicológico, por exemplo. “Os profissionais podem auxiliar os maridos a compreender suas próprias questões, e cuidar de seu mundo”.
No entanto, salienta o pesquisador, por mais que a ajuda profissional seja importante, os homens preferem dedicar seu tempo ao cuidado com a esposa, exatamente pela situação vivida por ela e, mesmo quando elas apresentam melhoras, eles não buscam ajuda, pois entendem que o pior já passou e não há mais necessidade de cuidados especiais.
A dissertação Ser companheiro da mulher com câncer de mama: análise compreensiva na perspectiva dos parceiros foi defendida em setembro de 2015 e orientada pela professora Marislei Panobianco.
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