Em pedido de abertura de inquérito contra o presidente da Câmara e o presidente nacional do PSDB encaminhado na última sexta-feira, 29, o procurador-geral da República Rodrigo Janot aponta que há suspeitas de que a estatal de energia Furnas teria sido palco de esquemas de corrupção com operadores distintos que serviram a Eduardo Cunha e a Aécio Neves.
“Tudo leva a crer que se tratava de ‘esquemas’ independentes entre si, inclusive operados por pessoas distintas”, conclui Janot no pedido que pede para o senador e o presidente da Câmara serem investigados por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro. A solicitação tem como base a delação premiada do ex-líder do governo Dilma no Senado, Delcídio Amaral (sem-partido MS), que também foi filiado ao PSDB e tem experiência no setor energético, tendo atuado inclusive como diretor da Petrobrás no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Na solicitação, Janot pede para ouvir, em 90 dias, o presidente do PSDB e o ex-diretor de Furnas Dimas Toledo, dentre outros suspeitos de envolvimento no caso Furnas. Janot solicita ainda que a Polícia Federal colete, entre o material já aprendido e produzido na Lava Jato, evidências que contribuam para o esclarecimento da apuração.
Delcídio Amaral afirmou, em relação a Aécio, que “sem dúvida” o tucano recebeu propina em um esquema de corrupção na estatal de energia Furnas que, segundo o delator, era semelhante ao da Petrobrás, envolvendo inclusive as mesmas empreiteiras. Nesta nova petição encaminhada ao STF, o procurador-geral da República pede o desarquivamento do depoimento do doleiro Alberto Youssef que também havia implicado Aécio em um suposto esquema de corrupção na estatal.
Na ocasião, Youssef apontou que o PSDB possuía influência em uma diretoria de Furnas, juntamente com o Partido Progressista (PP), por meio de José Janene (ex-deputado do PP, morto em 2010), e havia pagamento de valores a empresas contratadas. O doleiro apontou ainda ter ouvido falar de Janene que o senador teria recebido valores mensais, por intermédio de sua irmã, da empresa Bauruense, contratada por Furnas.
Como a delação baseava-se em “ouvi dizer” e em personagens já falecidos Janot decidiu, na época, pelo arquivamento do pedido, mas considerou que a investigação poderia ser retomada caso surgissem novos indícios.
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