No mundo todo as doenças alérgicas não param de crescer. No Brasil não é diferente. Há 10 anos as alergias atingiam 20% da população. Hoje, de acordo com a Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia) atingem 30% das pessoas com predominância da asma, rinite e sinusite que crescem no frio. A previsão da OMS (Organização Mundial da Saúde) é de que até 2050 metade dos brasileiros tenha algum tipo de alergia.
Para o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier a confirmação dessa previsão indica um crescimento exponencial de problemas de visão. Isso porque, estudos mostram que 6 em cada 10 alérgicos manifestam a doença nos olhos. Esta reação em cadeia, explica, é decorrente da diminuição da lágrima que é agravada pelo frio.
“A lágrima representa a defesa da superfície ocular. Na sua falta o sistema imunológico entende que é necessário produzir mais anticorpos para proteger os olhos”, afirma. O resultado é a conjuntivite alérgica que tem como sintomas coceira intensa, vermelhidão, inchaço das pálpebras e fotofobia.
Tratamento evita deformação da córnea
Nem é preciso dizer que a coceira faz os alérgicos levarem as mãos aos olhos. O problema, comenta, é que quando coçam, desorganizam as fibras de colágeno, tornando irregular a superfície da córnea, membrana externa e transparente do olho responsável pelo foco. Isso induz ao astigmatismo, vício de refração que dificulta a visão de perto e de longe por formar mais de um foco sobre a retina.
A dica do médico para não coçar os olhos numa crise alérgica é aplicar compressas feitas com gaze embebida em água gelada e consultar um oftalmologista imediatamente. O tratamento é feito com lágrima artificial associada a colírio anti-histamínico ou a corticóide nos casos mais severos. Muitos alérgicos, comenta, só buscam tratamento quando o astigmatismo já evoluiu para ceratocone, doença que afina a córnea e responde por 70% dos transplantes no Brasil. É o que acontece com metade dos alérgicos de acordo com um estudo realizado por Queiroz Neto com 315 portadores de ceratocone.
O oftalmologista ressalta que 68% dos participantes no estudo afirmaram que usam colírios sobre as lentes de contato, único meio de correção visual, para 61%. A recomendação é instilar o colírio sempre diretamente sobre os olhos. Usar colírio sobre as lentes antecipa o vencimento, porque cria depósitos que as deformam, além da absorção dos colírios ser menor, conclui.
Como proteger os olhos
O estudo também mostra que um em cada 4 tem olho seco, independente da estação. Para evitar o ressecamento dos olhos as recomendações do médico são:
– Dieta rica em vitaminas A e E encontradas em frutas, verduras e legumes.
– Evitar carne bovina, carboidratos e gordura.
– Suplementação de Ômega 3 encontrado em semente de linhaça, sardinha, bacalhau e nozes.
– Proteger os olhos do vento, poeira, fumaça e produtos em spray.
– Eliminar o uso de aquecedor de ambiente que retira a umidade do ar.
– Evitar o uso de travesseiros de pena e produtos em pó.
– Manter os ambientes livres de poeira e com vasilha de água para hidratar o ar.
– Beba água com frequência para hidratar o corpo.