Preparar um dos pratos típicos do almoço brasileiro está mais caro neste ano de 2016. O preço do feijão carioca, o mais consumido no país, aumentou 54,1% desde o começo do ano. Só ficou atrás do mamão, que disparou 77,18%.
Quem quiser fugir do preço alto do feijão carioca não vai conseguir grande alívio apelando para outras variedades. O mulatinho aumentou 49,42%, o preto subiu 21,36% e o fradinho, 19,49%.
Mas o feijão não está sozinho na conta da inflação. Companheiros frequentes dele, a farinha de mandioca e a couve ficaram bem mais caras: subiram 36,4% e 20,4%, respectivamente.
Outros dois produtos muito usados para dar tempero aos pratos subiram mais de 30% neste ano. A cebola ficou 32,7% mais cara e o alho, 36,2%.
Ingredientes usados para refogar ou fritar também pesaram no bolso: a manteiga teve alta de 41,9%, o óleo de soja subiu 13,71% e o azeite, 15,51%.
Os números levam em conta o período de janeiro até o meio de junho e fazem parte do IPCA-15, considerado uma prévia da inflação. Os dados foram divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na terça-feira (21).
E o arroz, se safou??
Grande companheiro do feijão, o arroz ainda não teve um aumento de preço tão significativo neste ano, segundo o IBGE. A alta acumulada é de 5,21%.
Porém, a situação tende a mudar e a alta nos preços do arroz deve se intensificar até o final do ano, segundo Lucílio Alves, pesquisador de arroz do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), que faz parte da Esalq (Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”) da USP.
Assim como no caso do feijão, a produção do arroz foi bastante afetada pelas chuvas. Com menos quantidade de produto, a tendência é que os preços subam. “(A alta de preços) chega com certeza ao consumidor.”
Segundo Alves, os estoques do produto devem ficar muito baixos no final do ano, podendo até zerar. Ele diz que o ano passado já foi ruim, mas o final de 2016 indica situação ainda pior. “É um dos menores estoques já vistos para o Brasil”, afirma.
A expectativa de produção é de 10,5 milhões de toneladas, enquanto o consumo estimado é de 12 milhões.
O preço do feijão subiu bastante e gerou piadas na internet e até a liberação da importação do produto pelo presidente interino Michel Temer, para tentar barateá-lo.
Piadas na web e pressão no Twitter
A decisão do governo de importar mais feijão foi tomada após o preço do produto virar piada nas redes sociais e ser um dos assuntos mais comentados no Twitter, com o bordão #TemerBaixaOPreçoDoFeijão.
Mais cedo, o presidente em exercício, Michel Temer, replicou a expressão em sua conta pessoal no Twitter.
Os internautas vinham reagindo com bom humor à escalada dos preços, postando piadas e memes nas redes sociais. Veja alguns abaixo.
Lembra do tomate a preço de ouro?
Não é a primeira vez que o preço de um alimento popular entre os brasileiros vai às alturas por causa do clima.
No primeiro semestre de 2013, o preço do tomate subiu 150% devido às fortes chuvas em várias regiões produtoras e virou meme nas redes sociais.
Na época, um levantamento feito pelo UOL mostrou que o tomate estava mais caro que carne, azeite importado e até caixa de cerveja em alguns supermercados de São Paulo, com o quilo chegando a custar R$ 13,64.
No final daquele ano, o preço do tomate deu uma trégua e o produto fechou 2013 com alta acumulada de 14,74%, sem figurar entre os maiores vilões da inflação.
A vez da cebola e da cenoura
No primeiro semestre de 2014, foi a vez de a cebola disparar. O preço do produto mais que dobrou, acumulando alta de 148%. No segundo semestre, o preço melhorou um pouco e a cebola fechou aquele ano com alta acumulada de 23,61%. Já o tomate… ficou 3,07% mais barato.
No ano passado, porém, os dois se uniram e “azedaram” o vinagrete do brasileiro: tomate e cebola subiram 60,61% e 47,45%, respectivamente.
A cenoura também já passou por maus momentos. Nos dois primeiros meses deste ano, o preço da hortaliça subiu 64,2%, afetado pelas fortes chuvas na região Sul do país. No início de junho, caiu 25,63%, mas ainda acumula alta de 34,88% no ano.
Fonte:UOL