Faltavam dois dias para o nascimento dos patinhos do senhor Enir Monteiro, de 69 anos, quando o casal de patos foi roubado dos escombros de sua antiga casa.
O imóvel, que foi destruído por um deslizamento, em 2010, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, abrigava as aves há meses mas, de repente, sobraram só os ovos. Enir não se fez de rogado: dos ovos, fez um omelete.
— A letra do meu primeiro funk apareceu imediatamente inteira, dentro da minha cabeça, quando cheguei a uma mercearia e ficaram me zoando, falando que só tinha sobrado os ovos. Desafiei que faria um funk e o fiz na hora. Assim que virei o MC Vovô — explica o idoso, que é coveiro no Cemitério do Maruí.
O hit “Cadê meu pato” é uma composição de 2011, mas só explodiu na comunidade de Riodades, onde mora, no início do ano. A música, disponível no YouTube, está no CD que ele lançou em fevereiro, de forma independente.
— Nossa intenção era gravar a “Cadê meu pato?”. Mas entramos no estúdio e ele cantou logo oito. O que seria um single virou um álbum — explica Luiz Araújo, de 33, que ajuda MC Vovô na carreira.
E, para não ser só mais um Silva, que a estrela não brilha, Vovô foi além. Em maio lançou um clipe feito por uma produtora profissional.
— Conheci o trabalho dele e aproveitei uma ida ao Rio para gravar o clipe — explica Pedro Moreira, da P.drão Vídeo Clipes, de Minas Gerais.
Segundo Vovô, a batida está apenas começando.
— Ainda tenho 30 músicas prontas, todas sobre meu cotidiano. Só não falo do cemitério porque não é bom mexer com isso — garante o MC, que de início só recebeu apoio dos 16 netos e de metade dos sete filhos: — Hoje eles aceitam melhor o coroa no baile funk.
O primeiro álbum foi distribuído nas apresentações que fez, e enviado para outros músicos. Para financiar a gravação das outras obras, o funkeiro vende canecas no trabalho.
Quer cantar?
Gostou da história e quer tentar a sorte no mundo da música? A GD Produções, produtora e gravadora de Niterói, está com agenda aberta para audições hoje até o início da tarde. Nova no mercado, ela busca artistas.
— Fizemos uma primeira audição, há duas semanas, e selecionamos cinco pessoas. Elas serão produzidas e agenciadas por nós. Não há custo inicial, ganhamos apenas comissão de apresentações — explica o diretor Gustavo Dias.
A GD Produções fica na Rua Castro Alves 30, na Caixa d’Água. O telefone é 3607-8191.
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Fonte:Extra