Após muita tensão, a sonda Juno transmitiu por rádio um único tom, que foi ouvido como música no Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa às 0h53 desta terça. Era o sinal de que a espaçonave havia entrado com sucesso numa órbita ao redor de Júpiter.
Com isso, a Juno se tornou a segunda espaçonave a conseguir se colocar ao redor do maior planeta do Sistema Solar. A primeira foi a Galileo, em 1995.
Algumas diferenças marcam essa segunda chegada a Júpiter. Se a Galileo tinha por objetivo fazer um reconhecimento superficial do planeta e um estudo detalhado de suas luas, a Juno deve se concentrar no estudo das profundezas jovianas.
Usando sensores de infravermelho e ultravioleta, além de medidores de gravidade e radiação, ela tentará desvendar os mistérios do que há no interior do gigante gasoso -a um custo de US$ 1,1 bilhão.
Entre as medições que os cientistas pretendem fazer, está uma estimativa da quantidade de água presente na atmosfera joviana.
Isso dará pistas de em que lugar do Sistema Solar o planeta se formou (quanto mais longe do Sol, maior a quantidade de água esperada) e se ele se deslocou muito desde então.
Além disso, a sonda poderá descobrir a presença de um núcleo denso no interior daquele mundo, o que ajudaria a confirmar as atuais teorias de formação planetária.
A órbita inicial da sonda é uma elipse imensa, que ela cobre em 53 dias. Somente depois de duas dessas voltas ela fará um novo ajuste para reduzir o período orbital para 14 dias.
Na manobra de inserção, os instrumentos científicos permaneceram todos desligados, de forma que as primeiras imagens realmente próximas de Júpiter colhidas pela sonda devem vir só em 27 de agosto. No total, a missão durará 37 órbitas, seguidas pelo mergulho da sonda na atmosfera de Júpiter, em fevereiro de 2018.
Embora a Juno não concentre seus estudos nas luas jovianas, Scott Bolton, cientista-chefe da missão, diz que existe a expectativa de que novos satélites naturais sejam descobertos. A contagem atual é de 67.
Fonte:Folha de São Paulo