“Quando a gente se for, a gente vai junto”. A frase, lembrada por amigos e parentes durante a despedida de Delinda Tomazi Biz, 86 anos, e Fernando Biz, 82, agora serve de conforto para quem conviveu com os dois. Casados há 63 anos, eram inseparáveis, e na hora da morte, não foi diferente.
Fernando, que sofria de problemas cardíacos morreu dormindo, na última terça-feira, por volta das 7h. No caminho para o velório, chegou a notícia de que Delinda, internada na noite anterior com uma dor no peito, teve falência múltipla dos órgãos e também faleceu, no mesmo dia, pouco antes das 13h.
Delinda e Fernando foram sepultados no Cemitério Jardim da Paz, no bairro Nova Divinéia, na quarta-feira. No domingo, às 8h, a família fará a missa de sétimo dia em honra ao casal, na Igreja Matriz de Araranguá.
A história comoveu toda a comunidade de Araranguá, no Sul do Estado, onde o casal morava há 40 anos e onde reside grande parte dos 10 filhos, 23 netos, 17 bisnetos e a tataraneta. A família está abalada, mas ao mesmo tempo confortada pelo fato de não precisar lidar com a tristeza de um pela perda do outro.
Para uma das netas do casal, Greysian Biz Felisberto, 37 anos, a vida e a educação alicerçadas na fé têm ajudado a superar a perda.
— Como ela sempre nos criou assim, a gente acabou buscando conforto nessas palavras dela, no amor que tinham um pelo outro e que tinham que viver para sempre juntos. A gente entende, mas o sentir é diferente, dói, a gente sofre, vai demorar um tempo para se adaptar que eles não estavam mais aqui. Só o conforto, desse amor tão lindo que nem a morte conseguiu separar, é que consola — explica a gerente administrativa, moradora de Tubarão.
Fernando, que também sofria de mal de Alzheimer, já havia perdido parte das recordações e esquecido algumas pessoas, mas da companheira ele jamais esquecia.
Quando sentiu a falta dela na noite anterior, quando havia sido levada ao hospital para exames, ele perguntou sobre o paradeiro da esposa.
A poucos quilômetros dali, enquanto recebia atendimento, Delinda conversava com uma das filhas, e repetiu algumas vezes que estava muito triste. Seu quadro de saúde piorou na mesma noite em que Fernando dormiu e não voltou a acordar. O coração dele parou de bater às 7h, os últimos batimentos dela foram ouvidos cinco horas depois.
— Os nonos eram sempre muito de Deus, iam à missa todo final de semana, educaram toda família assim. Quando alguém dizia que ela estava forte, bem de saúde, e o nono mais doentinho, ela dizia: “hoje a gente tá bom, de vez em quando tá ruinzinho, mas quando a gente se for, a gente vai junto” — relembra Greysian.
Fonte:Diário Catarinense