Conscientizar as pessoas sobre a importância da doação de órgãos e incentivar uma postura pró-ativa dos familiares é o objetivo do “Setembro Verde” – mês da doação de órgãos. Dúvidas e tabus em relação ao assunto serão tirados durante este mês no Hospital de Base Ary Pinheiro.
Desde 2014, o HB fez 150 transplantes de córneas e 54 de rins. Recentemente foi enviado em avião da Força Aérea Brasileira para Fortaleza (CE) um fígado, coletado com autorização da família, de um homem de 32 anos, morto em acidente de moto.
A Central Estadual de Transplantes funciona no HB, na avenida Jorge Teixeira, 3766, bairro Industrial, na capital. “A doação de órgãos é um ato de amor e de heroísmo. Exige solidariedade no momento mais difícil, mas quem doa estende a mão para que a vida siga em frente num coração que volta a bater, num rim que volta a funcionar, numa pessoa que pode de novo enxergar”. É o que está escrito no folder da campanha.
Ausência de informação impede novos doadores
A direção do HB espera do Ministério da Saúde autorização para transplante de fígado. Atualmente, pacientes na fila são encaminhados para Brasília e São Paulo. São assistidos nos exames preparatórios e no retorno do transplante pelo cirurgião Leonardo Mota, da Policlínica Oswaldo Cruz (POC). A assistente social Eliete Pantoja informou que a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos estabeleceu o Setembro Verde para sensibilizar as pessoas a fazer doações.
Segundo informações da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), o que mais impede um aumento do número de doadores ainda é a ausência de informação sobre a vontade do parente que morreu.
untitled-1-copy-copyPor causa disso, milhares de pessoas ainda aguardam na fila de espera por um transplante no País. Mesmo assim, em que pese à falta de informações das pessoas ou os problemas do sistema de saúde, o qual ainda se mostra insuficiente para atender às necessidades da população em sua plenitude, desenvolveu-se no Brasil uma notável capacidade técnica para a realização de transplantes.
Que é preciso para ser doador?
Para ser doadora no Brasil, a pessoa não precisa deixar nada por escrito, em nenhum documento, basta comunicar sua família do seu desejo da doação. Ela só ocorrerá após a autorização familiar.
É possível também se declarar como doador através do Facebook. Para ativar a opção, o usuário deve ir a sua linha do tempo e clicar em “Evento cotidiano”. Depois, selecionar “Saúde e bem-estar” e escolher “Doador de órgãos”. Lá, o usuário poderá mostrar quando e onde ele foi registrado para ser um doador e contar sua história.
Segundo a assistente social Eliete Pantoja, o doador vivo pode ser qualquer pessoa que concorde com isso. Ele pode doar um dos rins, parte do fígado, parte da medula óssea e parte do pulmão. Coração, córnea, pulmão, fígado, pâncreas, intestino, rim, veias, ossos e tendão podem ser retirados de doador falecido. Ou seja: um único doador pode salvar muitas vidas.
Órgãos doados destinam-se a pacientes que necessitam de transplante e aguardam na lista única definida pela Central de Transplantes. “Pela lei, parentes até quarto grau e cônjuges podem ser doadores; não parentes, somente com autorização”, explicou Eliete.
Doador falecido é paciente em UTI, com morte encefálica, geralmente vítima de traumatismo craniano ou Acidente Vascular Cerebral (AVC). A retirada de órgãos é realizada em centro cirúrgico, a exemplo de qualquer outra cirurgia.
Após a doação, o corpo do doador fica deformado? – indaga-se, quase sempre. A resposta da Central de Transplantes é não. “A retirada dos órgãos é uma cirurgia como qualquer outra e o doador poderá ser velado normalmente”.
Fonte:Diário da Amazônia